A uva Syrah é tida como uma das castas mais antigas que existem, com uma longa história que se estende por muitos séculos. No entanto, foi apenas nas últimas décadas que essa variedade ganhou força e se tornou uma das mais cultivadas em todo o mundo. O país líder no seu cultivo é a França, mais precisamente a região sul do país, mas o reconhecimento da qualidade e relevância dessa cepa faz com que atualmente ela seja cultivada em locais tão diferentes, como os Estados Unidos e a China e colecione admiradores por todo o globo.
Parte do êxito dessa uva ao redor do mundo é atribuído à sua grande adaptabilidade, que permite que ela seja cultivada com ótimos resultados em diferentes terrenos, climas e altitudes. Como consequência, é possível encontrar ótimos vinhos com rótulos franceses, de uvas cultivadas em clima mediterrâneo, australianos, provenientes de regiões muito quentes, e até chilenos, de frutas colhidas em temperaturas mais baixas.
Se você ficou interessado nessa cepa tão celebrada, é hora de aprender tudo sobre ela. Continue a leitura e conheça mais sobre a história, as características e os diferenciais da uva Syrah!
Origem
A origem da casta Syrah, por ser tão antiga, é cercada de mistérios e lendas que tornam sua história ainda mais saborosa.
Alguns curiosos acreditam que sua terra natal é o Egito e ela teria chegado à Europa primeiro pela região da Sicília, mais precisamente pela cidade de Siracusa, situada no sul da Itália. Em outra versão, há quem diga que as primeiras mudas foram plantadas na França por São Patrício, patrono da Irlanda.
Outros ainda confiam na fábula que atribui seu surgimento a Shiraz, uma cidade pertencente ao antigo império persa (localidade que hoje corresponde ao Irã). Segundo duas variantes dessa velha narrativa, as uvas teriam sido levadas para a França por imigrantes gregos que se instalaram na região, séculos antes de Cristo, ou então por cavaleiros das cruzadas, durante a idade Média.
Contudo, a história mais aceita atualmente afirma que a casta é genuinamente francesa e descende de outras espécies de uvas daquele país: as variedades pouco conhecidas Mondeuse Blanche (branca) e Dureza (tinta). Especialistas chegaram a essa conclusão mais palpável após muitos estudos utilizando análises de tipagem de DNA. Porém, mesmo com a tecnologia atual disponível para pesquisas, ainda não foi possível determinar em qual século essa uva surgiu como a conhecemos hoje.
Seja qual for a saga que você escolher acreditar, o que podemos afirmar, sem sombra de dúvida, é que foi no sul da França que essa casta encontrou as condições perfeitas para crescer e aparecer, especialmente próximo ao Vale do Rhône. E foi apenas a partir dali que ela se transformou em uma das principais variedades da viticultura mundial.
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Regiões de cultivo
Essa casta se desenvolve nas mais diversas regiões do mundo, proporcionando vinhos de estilos variados e de alta qualidade. Ela está presente em locais tão diversos que acabou ganhando até nomes especiais em alguns países.
A França é o maior e mais tradicional produtor de Syrah, com grande concentração no vale do rio Rhône. Com clima mediterrâneo e solo rico, este é o território com a mais antiga produção de vinhos do país.
Em segundo lugar entre os grandes produtores está a Austrália. Nesse país, seu cultivo é datado desde o século XIX e lá a uva se adaptou tão bem que os australianos se sentiram à vontade para mudar seu nome para Shiraz, podendo chamá-la também de Hermitage.
Foi da Austrália que, a partir da década de 1980, essa uva começou a chamar atenção do resto do mundo e seus vinhos experimentaram uma popularidade crescente, nunca vista anteriormente. Lá, são elaborados alguns dos vinhos mais apreciados, conhecidos e contemplados do mundo, principalmente nas regiões de Hunter Valley, Barossa Valley, Margaret River e McLaren Vale.
Outros países que se destacam no cultivo dessa casta são Espanha, Argentina, África do Sul, Estados Unidos, Itália, Portugal e Chile.
E o Brasil também não fica de fora desse mercado. Aqui já existem alguns bons exemplares de cultivo da uva Syrah no Rio Grande do Sul, no Vale do São Francisco, em Minas Gerais e no estado de São Paulo.
Principais características
Uma das características mais marcantes dessa fruta é sua casca, extremamente concentrada em matéria corante, tornando-a quase negra. Ela também apresenta uma elevada espessura, característica essa que permite que ela cresça com facilidade em praticamente qualquer região. Outra vantagem de ter uma casca mais grossa é que ela se torna bastante resistente ao ataque de fungos e outras pragas.
A casta é medianamente vigorosa e apresenta cachos de tamanho médio, com bagos pequenos. Seus vinhos são escuros e profundos, porém, se cultivada em altos volumes por hectare, pode ter a sua qualidade comprometida.
Ela gosta de temperaturas mais altas, dessa forma as regiões com verões mais secos e quentes geralmente conseguem os melhores resultados. Contudo, graças à sua versatilidade, ela aceita bem também climas mais frios. Seu solo preferido é do tipo pedregoso típico do Rhône, que retém mais calor, e ela precisa de bastante água para crescer.
No aspecto sensorial, seus aromas e sabores mudam conforme o terroir, mas, em geral, esses vinhos guardam alguns aspectos em comum. Eles normalmente apresentam coloração escura, com vermelho carregado, e sabores muito complexos, potentes, com médio corpo e taninos muito amaciados. Eles são quase sempre secos e com acidez regular. Os aromas mais frequentes são de frutas negras e vermelhas, violeta e azeitonas pretas e a graduação alcoólica começa em 13% podendo passar de 15%, em alguns casos.
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Principais diferenças
Na França, a presença picante e os traços de especiarias se destacam. As uvas cultivadas no vale do Rhône resultam em vinhos mais elegantes, com sabores acentuados, e essas bebidas trazem notas terrosas e herbáceas e mais acidez. Das videiras de Côte-Rôtie saem rótulos mais complexos, mais aromáticos e muitas vezes famosos, enquanto de Hermitage chegam exemplares mais tânicos e minerais.
Na Austrália, as notas de frutas escuras, como cereja-negra, groselha, amora e ameixa, são marcantes e os vinhos se apresentam mais encorpados e madeirados. Eles também podem trazer notas de chocolate. Outros aspectos que surpreende é o equilíbrio que os vinhos resultantes apresentam, onde a suculência da acidez e a robustez dos taninos são harmoniosos. Muitos exemplares têm ótimo potencial de guarda, podendo evoluir por décadas.
Na região de Barossa Valley, são mais evidentes os sabores de chocolate, frutas vermelhas e toques de menta e eucalipto, enquanto em Hunter Valley o diferencial são notas de couro e uma coloração ainda mais intensa.
Algumas regiões da Austrália são tão quentes e secas no verão que as vinhas precisam ser irrigadas com até cinco litros de água por dia. Uma curiosidade da cultura nesse país está ligada ao seu animal mais simbólico: ali os cangurus podem ser considerados uma praga para os vinhedos de Syrah, pois eles gostam de comer as uvas quando elas estão maduras e doces.
Em termos de longevidade, a variação depende muito da origem. Os melhores exemplares franceses podem evoluir de 10 a 30 anos em garrafa. Já os australianos estão no auge entre 5 e 15 anos.
Enquanto isso, os Estados Unidos se sobressaem por serem capazes de oferecer rótulos com os atributos dos vinhos franceses (que eles vão chamar de Syrah) e também exemplares mais próximos dos australianos (que, para diferenciar, eles chamam de Shiraz).
Principais vinhos feitos com a uva Syrah
Como a casta se espalhou por vários países, os vinhos elaborados a partir dessa uva são variados e demonstram as singularidades cada região. No geral, as bebidas são notáveis e distintas, complexas e equilibradas na quantidade exata, com qualidade indiscutível e sabor expressivo.
Os vinhos elaborados ao norte do Vale do Rhône são mais concentrados, com sabores mais marcantes e estrutura mais completa. Os melhores e mais conhecidos são os Côte Rôtie e os Hermitage.
De Côte Rôtie vieram os famosos "La La La" — La Mouline, La Turque e La Landonne, do produtor francês Marcel Guigal. Nos últimos anos, esses vinhos ganharam notoriedade e passaram a ser muito cobiçados, alcançando preços altíssimos no mercado de colecionadores. Uma particularidade desses exemplares é que eles passam 36 meses em barricas de carvalho francês de primeiro uso.
Da região de Hermitage, temos o “Hermitage La Chapelle” de Paul Jaboulet, safra 1961, considerado por muitos especialistas um dos melhores vinhos de todos os tempos e também um dos mais caros da história.
Em outras cidades francesas, essa casta quase nunca é a principal, sendo misturada com outras variedades, principalmente a Grenache, para a produção de vinhos distintos. O “blend do Rhône” é uma fusão típica das uvas Syrah, Mourvèdre e Grenache.
Na Austrália, o mais apreciado e conhecido é o Penfolds Grange, que chega a ser vendido em leilões por valores exorbitantes
Outros países que se destacam na produção são o Chile, a Argentina e a África do Sul. O Chile já elabora muitos vinhos varietais a preços acessíveis e com castas de altíssima qualidade. Hoje, já encontramos muitos vinhos argentinos 100% Syrah, ao contrário do que acontecia antes, quando eram encontrados apenas em cortes.
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Syrah do Vale do Maule
Na América do Sul, o cultivo da uva Syrah se destaca no Chile, mais precisamente no Vale do Maule. Essa é a região vinícola mais antiga e mais extensa do país, concentrando a maior quantidade de videiras de todo o território chileno.
Isso acontece porque se trata de uma região com uma grande diversidade de solo e de microclimas, permitindo o plantio de uvas variadas. Outra vantagem é o clima temperado, que oferece dias quentes e noites frias, apreciados pelas uvas.
O resultado dessa combinação vem chamando cada vez mais atenção. Após algumas décadas de desafios, a região passou por uma série de mudanças e novos investimentos fizeram com que seus vinhos ganhassem um salto significativo de qualidade. Os novos rótulos vindos de lá estão conquistando novos consumidores e sendo reconhecidos em todo o mundo.
Harmonizações
Por seu sabor quase sempre complexo, os vinhos Syrah harmonizam muito bem com pratos feitos com ingredientes intensos, que tragam à tona as nuances da bebida sem que o paladar seja totalmente dominado por ela.
Algumas ótimas sugestões para acompanhar esse vinho são pratos com carne bovina, vitelo, cordeiro, porco, aves e queijos amarelos. Também os temperos fortes, como cebola, alho, mostarda, pimenta, louro e as ervas aromáticas, como alecrim e tomilho, podem ser bons parceiros.
Experimente um Syrah mais intenso com pernil de cordeiro assado e temperado com especiarias indianas. Vinhos mais encorpados, redondos e maduros combinam bem com uma costela assada na brasa e molho balsâmico, uma carne de cordeiro assada ao molho de vinho tinto com azeitonas pretas ou, ainda, com o clássico francês Filet au Poivre, preparado com filé mignon e pimenta em grãos. Prefere uma massa? Prove com molho ao funghi ou um molho picante e sinta os sabores se revelarem.
Já um Syrah de estilo mais leve e frutado acompanha bons hambúrgueres com molho barbecue ou um lombo de porco com especiarias asiáticas. E para os vegetarianos, uma bela lasanha de berinjela com molho de queijos será um casamento perfeito.
Quer levar a harmonização para um novo patamar? Combine o vinho com uma sobremesa de chocolate amargo elegante e vigorosa para fechar a refeição com chave de ouro.
De forma geral, a uva Syrah é bastante intensa e seus vinhos variam de elegantes a robustos, de jovens a bastante envelhecidos e de simples a exóticos. De qualquer forma, todos apresentam sabores típicos e marcantes e escolher um rótulo desse vinho pode transformar qualquer refeição em uma ocasião especial. Apesar de alguns rótulos atingirem valores elevados, outros de excelente qualidade podem ser encontrados a preços acessíveis para que você possa apreciar esses sabores sempre que tiver vontade.
Quer saborear um rótulo de qualidade elaborado com a uva Syrah? Conheça o varietal Terroir Syrah Chile, com o terroir do vale do Maule. Esse é um vinho de médio corpo e aromas com perfil frutado, com frutas negras e notas de pimenta preta e curry, e a maturação de oito meses em barricas de carvalho francês complementa com sutil presença de cacau, couro e tabaco. Tem acidez e teor alcoólico muito equilibrados.
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