É comum ouvirmos, mesmo de pessoas que não são boas conhecedoras de vinhos, que o vinho melhora com o tempo. Embora essa afirmação seja parcialmente verdadeira, também é possível apreciar vinhos jovens e ter uma experiência complexa e enriquecedora.
Ao longo deste artigo, abordaremos alguns dos mitos mais comuns que cercam a degustação de vinhos. Também conheceremos alguns dos benefícios de se apreciar vinhos mais jovens e como você pode alargar os seus horizontes e se abrir para rótulos com pouca idade.
Qualidade comparável
Existe uma percepção bastante difundida em nossa cultura de que quanto mais velho é um vinho, melhor ele será na taça, e essa afirmação, embora não esteja completamente errada, também não está completamente correta.
Depois de armazenado, o vinho passa a ter contato com uma quantidade bastante reduzida de oxigênio, seja pelo pouco ar que ainda permanece na garrafa, seja pelo oxigênio que lentamente entra através da cortiça da rolha.
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O fato é que a presença desse oxigênio acelera as reações que continuam ocorrendo na bebida depois de engarrafada. Isso porque o vinho é uma bebida viva, cheia de compostos químicos e microrganismos que continuam interagindo e se modificando com o passar do tempo.
Entretanto, depois de certo período, que varia entre cada rótulo, esse processo de oxigenação deixa de elevar as características do vinho e passa a corroê-las, resultando numa oxidação excessiva da bebida e na perda gradativa de sua qualidade.
Assim, cada vinho atinge o seu ápice em um momento diferente, a depender de uma infinidade de fatores, tanto da produção quanto do armazenamento.
Por isso, alguns vinhos mostram a sua melhor performance ainda jovens, enquanto outros precisam de mais tempo na garrafa para amadurecerem plenamente, e é preciso saber o melhor momento para apreciar cada garrafa.
Proveito para a saúde
Pesquisas recentes mostraram que os vinhos jovens têm até 90% mais antioxidantes que seus pares envelhecidos, sobretudo um tipo particular de antioxidante chamado antocianina.
Outro antioxidante presente sobretudo em vinhos mais jovens é a proantocianidina, também conhecida como tanino concentrado. Esse tipo particular de tanino deriva, sobretudo, das sementes das uvas e possui um poderoso efeito anti-inflamatório no corpo humano.
Diferenciação de vinhos jovens e envelhecidos
Como vimos, com o passar do tempo, o oxigênio desencadeia uma série complexa de reações dentro da garrafa, as quais alteram as características do vinho sensivelmente.
Um vinho branco jovem apresenta boa acidez e leve coloração amarela. Com o tempo, desenvolve sabor mais equilibrado e coloração dourada intensa em seu auge. Entretanto, se envelhecer demais, apresenta coloração âmbar.
Já o tinto jovem possui taninos bem presentes e reflexos de cor púrpura. Maduro, tem corpo suave e tons rubi, aproximando-se do telha e do marrom quando envelhecido além da conta.
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Degustação de um vinho jovem
Obviamente, ao degustar um vinho jovem não podemos esperar que ele apresente toda a complexidade de aromas e sabores de um vin de garde. Afinal, os compostos químicos responsáveis por essa complexidade ainda estão sendo formados.
Assim, um bom vinho jovem deve apresentar uma coloração de aspecto saudável, sem tons de cinza. A cor da bebida deve ser profunda, intensa, do contrário podemos estar diante de um vinho de produção em massa. Nos tintos, reflexos azuis são desejáveis, pois indicam que o vinho não está amadurecendo prematuramente.
As notas frutadas primárias devem prevalecer no buquê, no máximo acompanhadas de aromas resultantes da fermentação, mas sem grandes notas de madeira ou aromas terciários complexos.
Na boca, os vinhos brancos jovens mostrarão acidez marcante, e os tintos, forte presença de taninos. Deve-se, portanto, procurar o sabor frutado além do impacto inicial da acidez ou da adstringência do tanino.
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