Por ser uma das bebidas mais antigas da história e ainda ser amplamente consumida em todo o mundo, não é de se estranhar que, ao longo dos séculos, tenham surgido teorias sobre o vinho que nem sempre condizem com a realidade. Mesmo entre apreciadores experientes, circulam ainda hoje informações equivocadas sobre a elaboração, o armazenamento, os diferentes tipos e mesmo a respeito da forma de servir e degustar. Para evitar que os erros sem perpetuem, é importante conhecer os principais mitos sobre vinho e saber a versão correta dos fatos.
Muitas das crenças falsas se baseiam em conhecimentos superficiais sobre o assunto, como acreditar que vinhos antigos são sempre melhores, ou por dar muita relevância à aparência, como valorizar determinado tipo de garrafa. A harmonização de rótulos com diferentes tipos de alimentos também é um terreno fértil para a confusão. Porém, em meio a muitas fábulas e histórias mal contadas, existem verdades sobre a bebida que devem ser reforçadas, pois ajudam a preservar a sua qualidade.
Para começar a disseminar as informações corretas e impressionar os amigos no próximo jantar, conheça a seguir as principais verdades e os maiores mitos sobre vinho.
1. Vinhos caros são os melhores
Não podemos negar que, na maioria dos casos, os vinhos com um custo elevado têm nível superior. Porém, existem algumas garrafas com preços bastante acessíveis que aparecem nas listas de melhores vinhos do ano com regularidade. Isso acontece porque o valor da garrafa é influenciado por fatores como, safra e principalmente o modo de elaboração, ou seja, o valor do vinho nem sempre indica qualidade.
Brasil, Argentina e Chile são exemplos de países que oferecem rótulos com custo-benefício bastante atraente. O segredo para encontrar os melhores negócios é procurar marcas que sejam respeitadas no mercado ou dar preferência a boas uvas que tenham saído de regiões não tão tradicionais. O resultado pode surpreender.
Além disso, a escolha de um vinho deve levar também em conta o paladar de cada pessoa, suas referências e preferências, além do momento em que ele será degustado. Muitas vezes, a garrafa mais cara do mercado pode não ser a mais indicada para você. Por isso, definir a compra pelo maior preço nunca é garantia de satisfação.
2. Vinhos antigos são mais saborosos
Muitas pessoas creem que a idade melhora qualquer bebida, inclusive o vinho. Na verdade, pouquíssimos exemplares dessa bebida conseguem resistir mais de sete anos após a elaboração. Isso acontece porque o oxigênio que entra pelos poros da rolha de cortiça, favorece a microxigenação, ao entrar em contato com a bebida por muito tempo, provoca a oxidação. Isso prejudica o sabor e o aroma e faz com que ele fique extremamente oxidado.
Pelo mesmo motivo, uma garrafa de vinho costuma ser consumida por inteiro após aberta. Caso seja guardada em geladeira, as características organolépticas, como aroma e sabor irão se alterar, prejudicando a apreciação. Para prolongar a duração da bebida depois de aberta, é possível usar uma bomba de vácuo, capaz de aumentar sua a vida por alguns dias.
Na maioria dos casos, a vinícola é quem determina o ano ideal para o vinho ser consumido. Assim que uma safra é disponibilizada no mercado, supõe-se que ela está no seu melhor momento. Vale destacar ainda que vinhos vendidos em supermercados costumam ser jovens e ter um giro rápido, por isso, na hora de fazer uma compra nesse tipo de comércio, o ideal é escolher os mais novos. Eles estarão no auge e vão proporcionar a melhor experiência.
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3. Vinhos brancos não podem ser envelhecidos
Ainda ligado à questão da passagem do tempo, outro dos mitos sobre vinho que persiste nos dias de hoje é que vinhos brancos não podem ser envelhecidos, mas ele é igualmente falso. Na maioria dos casos, os brancos são elaborados em cubas de inox, que são mais adequadas para manter o frescor. Entretanto, se a intenção da vinícola é conferir ao líquido estrutura ou uma textura mais amanteigada, os barris de carvalho são os mais indicados.
Essa passagem em madeira confere longevidade a bebida. Normalmente brancos elaborados a partir das uvas das castas Chardonnay e Riesling também são capazes de aceitar muito bem a passagem do tempo.
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4. Bons vinhos têm rolha de cortiça
A rolha é frequentemente associada à qualidade do vinho, já que é capaz de manter a garrafa hermeticamente lacrada. Isso significa, em teoria, que a bebida fica mais protegida da ação do oxigênio que, como mencionamos, tem o efeito de oxidação.
O screw cap muito comum nos vinhos do novo mundo, é produzida em alumínio e revestida por uma camada protetora para evitar o contato direto do metal com a bebida, geralmente é utilizada para reduzir o custo de produção, porque é mais barata que a rolha de cortiça, Atualmente, além da questão financeira envolvida, os produtores tendem a optar por screw caps em rótulos de consumo mais rápido e pela cortiça em vinhos de guarda. Ou seja, não se trata de qualidade do vinho, mas de estilo. É o produtor que decide qual a melhor forma de vedação de seu vinho, com base em uma análise técnica.
Por isso, não é a forma de fechar a embalagem que vai demonstrar a qualidade de um vinho, e sim o aroma e o sabor da uva e o cuidado da produção.
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5. Rosé é feito com sobras de tintos
Essa é uma grande mentira que, por um longo período, foi a origem de muito preconceito contra essa bebida. Por décadas, correu o mundo a fábula que o rosé era uma simples mistura de restos de tinto de baixa qualidade com uma dose de branco, rendendo uma bebida questionável. Na verdade, existem excelentes produtores de vinhos e espumantes rosés que prezam muito pelo produto e entregam bebidas de qualidade.
Os rosés podem ser elaborados de várias formas. Uma das técnicas é o blend ou assemblage, que consiste na combinação cuidadosa de tinto e branco, buscando uma harmonia perfeita. Dessa forma, são elaborados os elogiados espumantes rosados da região de Champagne.
Outro modo de conseguir um rosé é realizando a maceração curta do vinho. O tempo de maceração é responsável por definir a cor do líquido final — quanto mais tempo o mosto permanece com as partes sólidas, mais “escura” fica a bebida. Para chegar ao rosé, o período de contato com a casca das uvas tintas é de algumas horas, apenas o suficiente para imprimir no suco a cor delicada característica.
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6. Garrafas pesadas sempre carregam bons vinhos
Quem não se deixa impressionar por uma bela garrafa, com invejável estrutura em vidro? Geralmente, essas garrafas são acompanhadas de bebidas encorpadas e envelhecidas por um longo período, mas a aparência não é garantia de que o líquido será de qualidade.
A garrafa maior pode servir para indicar a hierarquia de um rótulo dentro do portfólio de uma vinícola. Geralmente, os exemplares mais nobres de um produtor são envasados em garrafas mais pomposas, para passar a ideia de nobreza, mas isso não significa que ele seja o mais indicado para o seu paladar.
Outro ponto que deve ser observado neste mito é que essas bebidas costumam ter alto valor no mercado, mas nem sempre entregam um custo-benefício interessante para quem vai consumi-las. Da mesma forma que vinícolas mais novas podem oferecer vinhos melhores que as antigas, a embalagem nem sempre é garantia de sabor e aroma.
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7. Vinho tinto harmoniza com carne, e vinho branco, com peixes
Este é um dos mitos sobre vinho que pode ser considerado parcialmente verdade. Em geral, seguir essa regra garante mais segurança para quem não está acostumado a harmonizar bebidas, mas as pessoas perdem deliciosas combinações inesperadas.
Todo esse conhecimento é baseado nos taninos, que estão presentes no tinto e que, quando combinados com peixe, deixam um sabor metálico na boca. Porém, peixes também podem ser acompanhados de tintos de uvas leves, como os Pinot Noir, que têm uma quantidade menor de taninos.
Em todo caso, não tenha medo de experimentar diferentes combinações para saber o que agrada mais ao seu paladar. A harmonização depende mais do que é gostoso para você do que de qualquer regra estática, gravada em um livro.
8. O vinho branco é produzido com uvas-brancas
Depois de ler sobre a elaboração dos rosés, você já deve estar desconfiando desta afirmação, pois sabe que a tonalidade do vinho vem da casca. Como o miolo da fruta é da mesma cor, independentemente da cor da casca, é perfeitamente possível obter vinho branco de uvas escuras.
Existem brancos produzidos a partir de uvas tintas, como é o caso dos espumantes brancos que levam Pinot Noir em sua composição. Eles se preservam claros porque não têm contato com a casca na fermentação. Porém, existem algumas uvas, como a Alicante Bouschet, que além da casca a polpa também tem cor. Essas espécies são chamadas de uvas tintórias.
No entanto, o contrário não se realiza. É impossível produzir vinhos tintos a partir de uvas-brancas, já que não há a coloração na casca da fruta.
9. Espumante e Champagne são sinônimos
Quantas vezes você já ouviu um espumante qualquer ser chamado de Champagne? Essa é uma confusão muito comum no Brasil, onde qualquer bebida parecida pode receber o nome francês, mas trata-se de um mal-entendido que é muito simples de esclarecer.
Espumantes são brancos ou rosés que passam por duas fermentações. Existe no mercado uma grande variedade de rótulos, elaborados com uvas variadas e de diferentes formas, rendendo produtos de níveis diversos.
Mas são chamados de Champagne apenas os espumantes produzidos na região francesa que tem esse nome. A sua elaboração é regulada: deve ser feita especificamente naquela região a partir apenas das uvas Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay e seguindo métodos específicos.
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10. Os melhores são feitos com uma única uva
Há também quem acredite que os melhores vinhos são aqueles elaborados com uma única uva. Para essas pessoas, a escolha de apenas uma casta seria sinônimo de alto valor e sabor especial.
No entanto, esse entendimento está longe de ser correto. É verdade que a bebida originada de um tipo exclusivo da fruta pode conter características mais marcantes daquela casta específica, mas isso, por si só, não garante um resultado espetacular.
Muitos dos grandes rótulos levam mais de um tipo de uva. Esses vinhos, chamados de assemblage (de corte ou ainda blends) também podem atingir níveis de excelência combinando as qualidades de uvas diferentes. Um exemplo é o famoso corte bordalês, clássico assemblage elaborado em Bordeaux, que combina as uvas Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc.
11. Vinhos devem ser decantados
Pode parecer somente um ritual ultrapassado, mas é verdade que alguns vinhos precisam ser decantados. O ato de passar a bebida para um Decanter antes das taças é realizado para que resíduos sólidos presentes no líquido se depositem no fundo do recipiente. Isso também contribui para arear a bebida, estimulando a liberação dos aromas.
Porém, atualmente essa etapa só é indicada para os tintos mais encorpados, antigos e de longa guarda. No caso de vinhos mais jovens, a decantação não é recomendada, pois pode provocar uma oxidação e prejudicar seu aroma e seu sabor.
12. As garrafas devem ficar no escuro
A forma de guardar as suas bebidas em casa tem sim influência no seu conteúdo, podendo modificar, ao longo do tempo, seu aroma, sabor e até a sua aparência. Portanto, é verdade que os vinhos merecem ser preservados em ambientes controlados.
O ideal é manter as garrafas em um local com luminosidade reduzida, longe do alcance direto do sol ou mesmo de lâmpadas muito fortes. O calor também pode prejudicar o sabor e o aroma, por isso é melhor manter a adega em um canto mais fresco. A temperatura perfeita para essa bebida é por volta dos 13º, mas, se não for possível garantir essa regulação precisa, reserve o local mais frio da casa para seu estoque.
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13. A garrafa deve ser guardada deitada
Esse é um tema que ainda gera muita controvérsia. Muitos especialistas dos dias de hoje divergem sobre essa afirmação e há aqueles que defendem que, na realidade, manter a garrafa em pé ou deitada não faz diferença.
Esse mito vem da crença que a rolha precisa ser mantida úmida dentro da garrafa, para que se preserve intacta por mais tempo. Dessa forma, ela continuaria impedindo a entrada de ar e garantindo a qualidade da bebida. Contudo, estudos recentes apontam que o efeito desse artifício é, na verdade, insignificante. Pesquisas atuais mostram que, no intervalo de alguns anos, a entrada de ar é a mesma em garrafas guardados na posição vertical ou na horizontal.
Segundo alguns especialistas, o impacto poderia ser percebido no caso de garrafas que fossem preservadas durante muitos anos. No entanto, em ambientes domésticos, isso raramente acontece. Portanto, a escolha é sua: você pode deixar suas garrafas em pé ou deitadas, como preferir, sem se preocupar com o seu conteúdo.
O universo dos vinhos é maravilhoso e, a cada descoberta, o enófilo se apaixona mais por essa bebida cheia de possibilidades. Ter conhecimento sobre o assunto não é essencial para apreciar uma bebida, mas saber a verdade sobre os principais mitos sobre vinho vai contribuir para fazer melhores escolhas e ter uma experiência mais rica. Depois de deixar os preconceitos de lado, a melhor parte é estudar sobre a bebida da melhor forma possível: provando!
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