Você sabe o que é vinho natural? Esse assunto está sendo debatido com cada vez mais frequência e até podemos dizer que já virou uma tendência em algumas regiões, principalmente quando nos referimos a pequenos produtores, já que esse estilo de vinho requer alguns processos mais cautelosos em toda sua elaboração, desde o cultivo das videiras até a conservação do produto.
Embora o assunto esteja em evidência, podemos dizer que a elaboração de vinhos naturais está relacionada à maneira mais ancestral para a produção da bebida, já que utiliza poucos recursos tecnológicos para obter o resultado esperado. Ficou curioso para saber mais sobre essa maneira de elaborar vinhos? Então, continue a leitura e confira.
O que são vinhos naturais?
Vinho natural é o fermentado de uvas que não usufrui de insumos vitícolas ou enológicos, sejam eles agroquímicos, microrganismos selecionados, conservantes, clarificantes, entre outros. Os produtos resultantes estão, de certa forma, atrelados aos métodos mais primitivos de elaboração, onde as crenças e a filosofia de vida do produtor são os principais motivadores para que o mesmo defenda esta causa.
Muitos produtores de vinhos naturais, embora tenham capacitação técnica, confiam no conhecimento empírico para intervir nos processos de elaboração. Com a menor presença de tecnologia aplicada, a vinificação torna-se bastante onerosa, sendo mais frequentemente utilizada por vinícolas de pequeno porte.
Curiosamente, o "bum" comercial dos vinhos artesanais começou em 2010 em Paris, onde alguns bares e restaurante mais alternativos e contemporâneos começaram a incluir e oferecer esse estilo de vinhos em suas cartas. Logo, esta tendência se espalhou para Londres, Nova Iorque e chegou até o nosso adorado Brasil.
Como é o processo de elaboração do vinho natural?
Quando falamos em vinho natural e reafirmamos que em seu processo de elaboração minimiza-se o uso de alguns aditivos, é inevitável que a curiosidade não se faça presente em nossa mente. A seguir, iremos detalhar algumas etapas onde, na enologia convencional, podemos utilizar os tais insumos e, no caso dos vinhos naturais, a não utilização ou redução.
Cultivo
As uvas utilizadas geralmente enquadram-se como orgânicas ou, até mesmo, biodinâmicas. Isso significa que defensivos agrícolas são evitados, da mesma forma que fertilizantes sintéticos e, além disso, muito produtores são orientados por técnicas que consideram a interação astronômica e geológica com o desenvolvimento das plantas.
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Colheita
Na colheita das uvas é priorizado o processo manual, onde os frutos são selecionados e organizados em pequenas caixas, logo sendo levados à vinícola. Todo esse cuidado é para preservar a integridade da matéria-prima, tendo em vista que processos mecânicos podem danificar as uvas e desencadear uma fermentação sem controle, além da oxidação excessiva.
Fermentação
Já sabemos que a transformação de suco de uva em vinho é realizada através da ação das leveduras, microrganismos fantásticos que metabolizam os açúcares naturais das frutas em álcool, gás carbônico e "otras cositas más". Contudo, existem dois grupos de leveduras: as selecionadas e as naturais.
O primeiro se refere às leveduras selecionadas em laboratórios e estudadas para que sejam direcionadas a vinhos específicos, já que as mesmas podem alterar, e muito, as características finais da bebida. A segunda opção são as leveduras naturais (que podemos chamar de indígenas, autóctones, silvestres, etc.), geralmente encontradas na casca das uvas, no ar e dentro da própria vinícola.
Os produtores de vinhos naturais acreditam que seus produtos são o reflexo do terroir, defendendo a tese que as leveduras também fazem parte daquele local, sendo assim, a fermentação alcoólica ocorre de forma espontânea. Interessante, não é?
Conservantes
O principal conservante dos vinhos é o dióxido de enxofre, também conhecido como anidrido sulfuroso, SO2, INS 220 ou apenas como sulfito. Ele é adicionado para evitar contaminações e minimizar os efeitos do oxigênio na bebida. Os defensores mais radicais do vinho natural dizem que nem mesmo essa substância pode ser acrescentada. Porém, uma pequena dosagem é permitida sem que o rótulo deixe de ser considerado natural.
Confira no banner abaixo o guia completo sobre os principais tipos de uvas utilizados para a produção de vinhos ao redor do mundo.
Quais são as diferenças do vinho natural para o orgânico e o biodinâmico?
Vinhos natural, orgânico e biodinâmico são todos iguais? Apesar de estarem bem próximos, existem algumas diferenças importantes entre eles. A seguir, aprenda mais sobre o assunto.
Vinho orgânico
Quando lemos no rótulo que o vinho é orgânico, isso quer dizer que nenhum agroquímico sintético pode ser utilizado no cultivo da vinha, e param por aí as exigências. Muitas pessoas acham que se trata de todo o processo mais artesanal e natural, porém não é bem assim. E vale ressaltar que existe um fungicida que pode ser utilizado na agricultura orgânica, conhecido como sulfato de cobre ou calda bordalesa. Além disso, o vinho orgânico pode ter insumos adicionados durante a vinificação assim como a manipulação tecnológica, como máquinas na colheita e outras modernidades. Se você quer uma sugestão de um grande vinho orgânico, não deixe de conhecer o Reserve Organic Malbec, da Bodega Argento. Um excelente Malbec que faz jus ao novo estilo de vinhos argentinos.
Vinho biodinâmico
A viticultura por trás do vinho biodinâmico consiste em preparações específicas à base de plantas e adubos que agem conforme o calendário lunar. Os produtores enxergam a terra como um ecossistema completo entendendo que todo ser vivo precisa da biodiversidade para ser saudável. Nela, os bichos transitam pelos vinhedos adubando e podando naturalmente as plantas.
Viu como as três técnicas são diferentes? Assim, podemos dizer que nem todo vinho biodinâmico ou orgânico é natural, mas todo vinho natural é elaborado a partir de cultivo orgânico ou biodinâmico.
Quais são as peculiaridades do vinho natural?
Se você ainda não experimentou o vinho natural, provavelmente está curioso pra saber quais são as características do resultado dessa técnica. Veja, quais são as peculiaridades dessa bebida.
Aromas e sabores
Esse tipo de vinho, por ser considerado vivo, já que mantém as bactérias e leveduras, tem aromas e sabores diferenciados dos convencionais. A mesma uva pode apresentar nuances nunca experimentadas pelos apreciadores da bebida.
Dica: Entenda a diferença entre degustação horizontal e vertical de vinhos
Filtração
A filtragem é um processo que retira os sedimentos do vinho, como resíduos de leveduras e fermentação. O objetivo é deixar a bebida mais límpida, o que influencia diretamente na análise sensorial.
Como sabemos, o vinho natural deve ter a menor interferência possível na sua produção, inclusive a filtração. Sem essa etapa, a bebida fica turva e mais rústica ao paladar, o que agrada muitas pessoas, até porque auxilia na preservação do corpo e estrutura do vinho.
Terroir
Os defensores do vinho natural garantem que essa técnica é capaz de transmitir todas as características do terroir, pois a bebida não passa por correções e processos químicos de melhoramento.
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Valor
A elaboração de um vinho natural é um trabalho meticuloso, pois tudo é feito de forma muito artesanal. Dessa maneira, a produção em maior escala é praticamente inviável, o que aumenta o seu valor em 40%, aproximadamente. Outro fator que contribui para os preços mais altos é a exposição aos problemas no cultivo, como pragas que podem devastar um vinhedo.
Agora que as diferenças entre cada estilo de vinho foram esclarecidas, você poderá explorar mais o mundo enológico em busca de puro prazer engarrafado. Lembre-se que vinho bom é o que você gosta e que os grandes degustadores de vinhos são curiosos natos.
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