Vinhos do Rio Grande do Sul: quais uvas se adaptam bem em cada região?


Vinhos do Rio Grande do Sul: quais uvas se adaptam bem em cada região?

Se você observar bem, verá que o vinho está caindo no gosto do brasileiro. É cada vez mais comum que em jantares especiais ou reuniões com os amigos, por exemplo, as pessoas optem pela bebida de Baco. O consumidor nacional é curioso e mostra-se disposto a conhecer os mais variados vinhos, desta forma diversas empresas tem investido em melhorias, tanto na produção das uvas, quanto na elaboração de vinhos

O estado do Rio Grande do Sul é  o maior produtor de uvas finas do país, superando 870 mil toneladas este ano. Mas na hora de escolher um rótulo gaúcho, você sabe quais castas dão origem aos melhores vinhos? Afinal, cada cepa se adapta melhor a um clima e solo. Se você ainda tem dúvidas, acompanhe o post! Nele, vamos contar quais as principais uvas produzidas em solo gaúcho.

1. Merlot

Rainha da Serra Gaúcha, não é à toa que a Merlot é a principal uva da Denominação de Origem (DO) Vale dos Vinhedos. Típica da França, onde elabora grandes vinhos de renomadas regiões, mostrou-se perfeitamente adaptada ao solo basáltico e delicada insolação. A grande vantagem desta variedade é sua maturação precoce em comparação a outras castas, fugindo das chuvas no final do verão e podendo ser colhida em plena maturação. 

A principal característica dessa casta é produzir vinhos fáceis de beber — e isso não quer dizer que são de baixa qualidade. Pelo contrário: no Brasil, os rótulos de Merlot apresentam coloração rubi, com aromas frutados e paladar macio e redondo. Costumam ter acidez marcante e corpo médio.

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2. Cabernet Sauvignon

A mais produzida e consumida no mundo, facilmente encontrada em todo o território gaúcho. A robusta Cabernet Sauvignon também é produzida na Serra Gaúcha, e embora seja uma uva de final de ciclo, possui maior resistência à umidade, se compararmos com a Merlot, devido sua casca mais espessa.

Além da Serra Gaúcha, também tem destaque na região da Campanha, quase na fronteira com o Uruguai. Com solo arenoso, boa amplitude térmica e insolação, além da baixa pluviosidade durante a maturação das uvas, os vinhos lá produzidos apresentam grande tipicidade. Ela ainda é cultivada com sucesso na Serra do Sudoeste, que engloba as cidades Pinheiro Machado e Encruzilhada do Sul.

A Cabernet Sauvignon produz vinhos com boa estrutura e intensidade aromática. Falando em aromas, destacam-se as notas de pimentão verde e especiarias (principalmente pimenta-do-reino). Seu sabor é picante e levemente herbáceo. Quando jovem, pode apresentar taninos um pouco ásperos e duros, que com o tempo se tornam aveludados e elegantes. É uma uva com um grande poder de envelhecimento dependendo da safra e da proposta da vinícola.

3. Tannat

Uva emblemática do Uruguai, a Tannat ganha cada vez mais espaço no Rio Grande do Sul. Essa casta tem se adaptado com perfeição a região da Campanha Gaúcha, caracterizada pelo Bioma Pampa com longas horas de sol, fazendo com que a planta concentre açúcares e matéria corante, conseguindo equilibrar sua elevada carga tânica

Em geral, a Tannat possui alto teor alcoólico, coloração violácea, além de ter abundância de taninos. Possui o couro como principal descritor aromático, podendo ser consumida após alguns anos de garrafa. Muito utilizada em cortes com outras variedades, visto que agrega cor e estrutura a cepas menos robustas.

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4. Pinot Noir

Famosa pelos elegantes vinhos da Borgonha, a Pinot Noir é uma uva de dificílimo cultivo, adequando-se a poucos terroirs fora do território francês. Ainda assim, encontrou nos Campos de Cima da Serra, no noroeste do Rio Grande do Sul, um outro lar.

A região abriga os vinhedos mais altos do estado e tem grande influência do frio, com invernos rigorosos e verões com dias muito ensolarados e noites de baixas temperaturas. A realidade climática parece — e é! — ideal para o cultivo de uvas brancas. Mas não se esqueça de que a Pinot Noir, apesar de tinta, gosta dessas condições.

Seus vinhos apresentam coloração pouco intensa, mas não se engane com isso: são saborosos, perfumados e com taninos muito delicados, porém firmes. Ela também é muito utilizada na produção dos espumantes, em parceria com a Chardonnay.

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5. Moscato

Há quem diga que a grande vocação do Brasil é a produção de espumantes. Muito cultivada no município de Farroupilha, ela dá origem, além dos espumantes, aos vinhos tranquilos muito aceitos pelo mercado nacional, ainda mais em regiões quentes.  

Seu aroma é muito característico, remetendo a mel, pêssego, uva madura, damasco e um suave toque floral. Altamente versátil, é capaz de produzir vinhos secos, espumantes e vinhos de sobremesa.

Em terras tupiniquins, é usada em grande escala para os espumantes moscatéis, que apresentam graduação alcoólica mais baixa, doçura marcante e aromas acentuados. Essas particularidades conquistaram paladares ao redor do mundo todo.

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6. Chardonnay

Uva branca mais consumida no mundo, a Chardonnay prefere as temperaturas mais baixas. Por isso, adaptou-se muito bem ao clima dos Campos de Cima da Serra. Ela também é cultivada na Serra Gaúcha e em Pinto Bandeira. Na última região, destacam-se os espumantes.

Ela pode dar origem a vinhos leves e frescos ou encorpados e complexos — tudo depende do local onde é plantada e o método de vinificação. No Rio Grande do Sul, a uva amadurece rapidamente e é colhida antes das chuvas.

Seus vinhos são ricos em aromas e sabores, com destaque para frutas cítricas como abacaxi e pera. Quando estagia em barricas de carvalho, possui tendência a aromas amanteigados e delicados toques de baunilha.

7. Riesling

Entre as uvas viníferas que melhor se adaptou ao Brasil, a Riesling chegou à Serra Gaúcha em meados dos anos 70, época em que era muito utilizada para a produção de espumantes. A partir da década de 90, no entanto, o número de vinhos tranquilos à base desta casta começou a aumentar.

Entre as características da Riesling na Serra Gaúcha estão o baixo teor alcoólico e os aromas florais e frutados, muito importantes em brancos jovens. Os vinhos são leves, frescos e minerais.

Seja qual for a sua escolha, a qualidade dos vinhos do Rio Grande do Sul vai te surpreender. E agora que você já sabe quais uvas se adaptam melhor a cada região do estado, ficará ainda mais fácil selecionar bons rótulos.

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Por
30/04/2020

Enóloga/Sommelier e Embaixadora do Grupo Famiglia Valduga


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