Bebida mais famosa de todos os tempos e presente desde os primórdios das civilizações, o vinho hoje está presente em praticamente todo o planeta, sendo classificado em Velho Mundo e Novo Mundo. Encontramos excelentes produtos em vários países, desde os mais tradicionais como França e Itália, até os mais modernos, como Austrália e Brasil.
Essa expansão foi possível graças à grande capacidade de adaptação de algumas castas, tais como Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay, porém este fato não apagou o poder e a personalidade das uvas autóctones, que ainda possuem fãs dedicados entre produtores e consumidores.
Mas você sabe o que são, afinal, uvas autóctones? Sabia que elas podem ser, por vezes, a melhor expressão de uma região produtora? Para conhecer a história dessas castas e a força que elas possuem junto a enófilos do mundo inteiro, confira o abaixo o material exclusivo que a Casa Valduga preparou para você!
O conceito de terroir
Quando falamos em vinho, o termo terroir, cedo ou tarde, acaba vindo à tona. E não é para menos: a palavra terroir, de origem francesa, designa tudo aquilo que faz com que determinado alimento (ou, no nosso caso, vinho) apresente as peculiaridades únicas do local onde foi produzido.
Essa noção surge da percepção de que, em cada região, o clima, a umidade do ar, as variações das estações, a fauna, a flora, a cultura local, a intervenção humana e mesmo as cepas de microrganismos presentes na atmosfera interferem de forma conjunta no resultado final do produto.
Dica: O que é Terroir?
É por causa do terroir, por exemplo, que o queijo produzido na serra da Canastra, em Minas Gerais, é diferente de qualquer outro queijo produzido no Brasil ou no mundo: mesmo que se apliquem as mesmas técnicas e se use o leite de vacas da mesma raça, ainda assim o conjunto do microecossistema da serra da Canastra só pode ser encontrado lá, e é ele que confere ao queijo sua qualidade ímpar.
Esse conceito de terroir está, portanto, intimamente ligado à importância das uvas autóctones, como veremos mais adiante.
Uvas autóctones e uvas internacionais
Uvas autóctones são características de uma determinada localidade, de um ecossistema específico, e que geralmente são encontradas somente em sua região de origem, pois apresentam difícil adaptação fora de seu habitat natural. Entretanto algumas dessas uvas autóctones, porém, acabaram se tornando internacionais, como é o caso das francesas Merlot, Pinot Noir, Sauvignon Blanc, Syrah e Malbec, entre tantas outras.
Essa internacionalização das uvas ocorre, em primeiro lugar, devido a grande capacidade que certos varietais apresentam de se adaptarem a diferentes terroirs, permitindo que produtores fora das regiões de origem experimentem os mesmos varietais que rótulos consagrados. Além disso, por carregarem nomes famosos mesmo diante de recém-iniciados, as uvas internacionais trazem maior destaque aos olhos do consumidor.
Já as uvas autóctones, também chamadas por vezes uvas nativas, representam com exatidão o terroir de onde se originam. Elas, com menor expressão no mercado, são ainda cultivadas em algumas localidades, sobretudo em países do Velho Mundo, originando vinhos únicos e muitas vezes difíceis de serem encontrados.
Assim como ocorre em outras frentes da Gastronomia internacional, também em relação à produção de vinhos vivemos um momento peculiar. Ao mesmo tempo em que vemos muitos produtores buscando as chamadas uvas internacionais, a fim de agregar peso e predicativos a seus rótulos, também observamos um número crescente de produtores que se dedicam a usar apenas uvas nativas em seus vinhos, buscando expressões mais puras e autênticas de seu terroir.
Um caminho intermediário que tem sido trilhado com bastante sucesso, porém, é utilizar um percentual de uvas autóctones em um blend com um ou mais varietais consagrados, como fazem alguns produtores de Chianti DOCG da Toscana.
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Principais países que cultivam uvas autóctones
Dentro dessa dinâmica de valorização de variedades autóctones, alguns países se destacam por seu apreço e orgulho em relação aos vinhos nativos e às expressões únicas de suas terras de origem.
Portugal
Apesar de ser um dos menores países da Europa, Portugal possui uma tradição vinícola antiga e profunda. Com mais de 280 castas autóctones, a terra dos grandes navegadores não faz feio diante de nenhum outro país produtor.
Uma curiosidade acerca das uvas nativas portuguesas é que muitas vezes uma mesma casta recebe distintos nomes ao ser cultivada em regiões diferentes do território lusitano.
Espanha
Talvez a mais icônica das autóctones espanholas, a Tempranillo troca de nome de acordo com a região produtora, como ocorre em Portugal. Assim, podemos encontrá-la sob os nomes de Tinto Fino, Tinta de Toro, Cencibel e outros. Já os espumantes Cavas, tradicionais da região da Catalunha, são produzidos com as variedades Macabeo, Parelleda e Xarel-lo.
França
Como já percebemos, algumas das uvas mais consagradas entre os produtores de todo o mundo têm origem francesa. Entre elas podemos citar Pinot Noir e Chardonnay, na região da Borgonha; Malbec em Cahors; Sauvignon Blanc e Cabernet Franc no Vale do Loire e Tannat na região do Madiran.
Outras castas de menor expressão de mercado são Petit Manseng e Gros Manseng no Juraçon, região sudoeste da França, bem como Grenache e Mourvèdre no vale do Rhône.
Itália
Chegando à Terra da Bota, encontramos o que talvez seja um dos mais férteis terrenos vinicultores, com mais de 850 mil hectares de vinhedos distribuídos em 20 regiões. Ao todo são 330 denominações de origem com 377 variedades nativas.
Acompanhando uma tendência que se expressa também em outros países, produtores da Itália tentam emplacar a Sangiovese como bandeira nacional. A escolha faz sentido, uma vez que esta é a casta nativa mais plantada em todo território italiano, ocupando mais de 100 mil hectares em 53 províncias.
Característica do terroir da Toscana, a Sangiovese se destaca como a principal componente do famoso Chianti, mas ela também produz outros vinhos de excelente qualidade. Uma de suas variações (Sangiovese Grosso ou Sangiovese Brunello) produz o icônico Brunello de Montalcino, considerado por muitos um vinho capaz de fazer frente aos clássicos consagrados como o Barbaresco e o tradicional Barolo, ambos elaborados pela uva Nebbiolo.
Existem outras uvas de ampla expressão encontradas em solo italiano, como a Primitivo na Puglia e a Nero d'Avola na ilha da Sicília.
E você, já conhecia uma ou mais variedades de uvas autóctones? Se sim, como foi sua experiência com elas? Se não, aproveite para verificar nosso guia de compra de vinhos e evite erros na hora da escolha.