Você conhece as principais uvas utilizadas para a elaboração de nossa bebida favorita? Em todos os continentes do planeta, milhares de pessoas compartilham o gosto pela degustação de vinhos nas mais variadas ocasiões. Em algumas culturas, ela faz parte do dia a dia, enquanto para outros indivíduos pode ser vista como um sinônimo de status.
Independente de qual seja a sua visão sobre os vinhos, é importante conhecer as principais frutas utilizadas para elaborá-los. Isso facilita nossa decisão de compra, impedindo que erros sejam cometidos e que surjam frustrações. Além disso, faz com que possamos conhecer um pouco mais da história que é contada em cada garrafa.
Ficou interessado? Não perca tempo e confira nosso post especial sobre os tipos de uvas utilizados na produção vinícola, saiba como elas impactam nas características sensoriais dos produtos, como interferem na classificação dos vinhos e confira um pouco sobre a importância histórica da "bebida dos Deuses" ao redor do mundo. Boa leitura!
Cabernet Sauvignon
Se você se interessa por vinhos, ainda que há pouco tempo, é muito provável que já tenha ouvido falar sobre a variedade Cabernet Sauvignon. Essa fruta conta com renome mundial, sendo conhecida por degustadores das mais variadas regiões por ser uma das espécies mais tradicionais e também mais produzidas mundo afora.
A Cabernet Sauvignon é uma variedade originalmente francesa, mais precisamente na região de Médoc, pertencendo à macrorregião Bordeaux. Há muitas décadas esta casta se destaca pela sua versatilidade em elaborar distintos estilos de vinhos, além de sua aptidão a vários solos e climas.
Seus vinhos são bastante famosos e exportados para todo o mundo, sendo possível encontrar belos exemplares seja em vinho varietais (compostos por uma única uva) ou em cortes (com mais de duas uvas). De maneira abrangente, a Cabernet Sauvignon se adapta muito bem ao processo de maturação em barricas de carvalho, proporcionando volume, estrutura e riqueza aromática ao produto final. Contudo, vale lembrar que existem excelentes vinhos que não utilizam deste processo.
Uma das características mais marcantes na casta Cabernet Sauvignon é sua carga aromática, que embora apresente intensas notas frutadas, o delicado toque herbáceo a torna inconfundível. Sem falar, dos taninos firmes e vivos, que encantam degustadores das mais variadas culturas.
Entre as principais opções, podemos citar exemplos bem vindos em uma noite descontraída de bate papo entre amigos, como entradas a base de queijos, pastas e peças de charcutaria. Em contraste, podemos também harmonizar com carnes e cortes mais pesados e gordurosos.
Merlot
Assim como a uva citada anteriormente, a casta Merlot nasceu em solo francês, sendo Bordeaux a região específica. Esta localidade está situada ao sudoeste do país e é responsável por boa parte da produção vinícola dessa nação.
Como o mundo do vinho é repleto de histórias interessantes, acredita-se que o nome Merlot está relacionado com a palavra francesa merle, nome dado aos pequenos pássaros de coloração negra que adoram se alimentar das uvas maduras.
Atualmente a Merlot é uma das uvas mais cultivadas ao redor do mundo, principalmente pelo fato de se adaptar a diferentes terroirs e amadurecer mais cedo que a outras castas tintas. Por isso, o seu cultivo é viável em muitos países, como a própria França, a Itália, o Chile e até mesmo a Austrália, culminando em uvas sadias e plenamente maduras.
Uma das principais características da Merlot tem relação com a sutileza e elegância dos vinhos resultantes. De caráter extremamente frutado, com taninos macios e na medida certa, é uma das uvas mais versáteis quando falamos em harmonizações. Seu caráter democrático faz com que diversos momentos possam ser desfrutados, assim, a cada dia, novos apreciadores de vinhos se encantam. Grandes vinhos da casta merlot se destacam fora do mercado francês, originando desde italianos concentrados até brasileiros intensamente harmônicos e longevos.
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Malbec
Não é novidade para nenhum amante do vinho que as castas francesas são as mais difundidas e consumidas. Também originária da França, a terceira cepa do post de hoje é a sofisticada Malbec. Sua terra natal chama-se Cahors e sua história é datada da idade média e ela já foi conhecida por uma grande variedade de denominações.
Apesar de ser francesa, a uva Malbec deixou de ser tão apreciada por lá e teve a sua produção reduzida quando houve a ascensão de outras variedades. Além disso, relatos históricos apontam que um grande período de frio em meados de 1500 destruiu a maior parte das videiras Malbec do país.
Entretanto, para nossa alegria, a produção desta cepa voltou a florescer em uma região muito distante da Europa. Hoje, o país que detém o maior prestígio com os vinhos resultantes de Malbec é a Argentina, onde tudo parece conspirar a favor, proporcionando solo, clima entre outros fatores favoráveis ao seu desenvolvimento.
Sabemos que as características do vinho dependem fortemente do terroir, porém a casta Malbec sofre intensa influência dos compostos provenientes da madeira, onde em solo argentino este processo de maturação é amplamente utilizado. De maneira genérica, podemos descrever os vinhos de Malbec argentinos como encorpados e concentrados, os franceses como rústicos e firmes e os brasileiros como frutados e macios,
As harmonizações mais usuais nos direcionam as carnes suculentas, tais como costela suína, t-bone e chorizo. Para os apreciadores de massas, as compostas por molhos de queijos ou a base de funghi fazem sucesso.
Pinot Noir
A região da Borgonha, localizada entre o centro e o sudeste da França (ela mais uma vez!) tem uma importância histórica incontestável. Por ali, a história é traçada desde a idade média até os dias atuais, e a casta Pinot Noir é um ponto crucial dessa trajetória.
Os vinhos elaborados a partir da Pinot Noir contam com um perfil extremamente elegante, remetendo a notas de cerejas, cogumelos e frutas vermelhas maduras. Além disso, possui uma característica conhecida como ‘’chão de floresta’’ ou "cheiro de bosque", um teor selvagem que nos remete aos aromas de folhas úmidas ou mesmo ervas recém cortadas.
Observando estes fatores, fica muito fácil perceber que esse estilo de vinho é carregado de personalidade. Como se isso não fosse o bastante, ela tem uma produção bastante específica e um pouco dificultosa, o que torna cada garrafa extremamente rara e única. Além disso, com elas é possível produzir vinhos rosé, tintos e, até mesmo, brancos.
Isso faz com que essa variedade de uva tenha uma verdadeira legião de fãs, empolgados e entusiasmados com a degustação dessa raridade em forma de bebida. Ao longo da história, músicas e, até mesmo, filmes foram feitos exaltando o sabor do Pinot Noir, o que o torna uma bebida muito romântica e exclusiva.
Felizmente, esse vinho é bastante versátil e pode ser harmonizado com uma vasta gama de ingredientes, sendo uma boa adição a praticamente qualquer refeição. Bons exemplos são pratos com frango, porco, cordeiro, vitela, salmão e aves, como o pato.
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Syrah
Não se engane pelo nome simples e aparentemente pouco glamouroso. Atualmente a Syrah é uma das uvas mais populares e bem quistas, originando vinhos de boa concentração. Sua maior produção de concentra na região francesa do Ródano, mas também há vários hectares de videiras plantadas em países como a Austrália, Espanha e Argentina.
Ela apresenta bagas de tamanho pequeno e casca escura, e quando nos referimos às proporções entre taninos e acidez, de maneira geral, os taninos se sobressaem, conferindo personalidade aos vinhos resultantes.
Uma das curiosidades sobre esta cepa é justamente a sua origem. Essa espécie de videira é descendente de outras duas variedades já existentes, mais especificamente um cruzamento entre as uvas Dureza e a Mondeuse Blanche. Além disso, ela faz parte das chamadas uvas autóctones.
As características sensoriais da Syrah incluem ameixas, mirtilos, amoras, além das especiarias, principalmente as notas de pimenta. Um dos pontos altos é a alta capacidade de envelhecimento, podendo evoluir e melhorar substancialmente após alguns anos de garrafas, claro, dependendo da safra, vinícola e da armazenagem.
Para uma apreciação completa, sempre podemos contar com boas refeições. Vinhos de Syrah são excelentes opções para harmonizar com queijos maduros, ou mesmo carnes de caça com sabor pronunciado.
Carménère
A casta Carménère é conhecida como prima da Merlot. Ambas são, de fato, originárias do mesmo lugar: a famosa região francesa de Bordeaux. O foco de nossa conversa no momento, no entanto, infelizmente não encontrou a glória em seu país de origem, sendo resumida principalmente ao uso nos blends.
Após uma grande praga que devastou muitas videiras na Europa, a Carménère chegou a ser considerada extinta. Felizmente, algumas mudas foram transferidas para o Chile, país que devido ao seu isolamento geográfico é praticamente imune a contaminações dessa natureza.
Por lá, esse essa delicada uva tinta encontrou o seu verdadeiro lar. Com o clima e localização geográfica perfeitos, as Carménères são hoje consideradas a casta símbolo do Chile quando falamos sobre produção vinícola, assim como o Malbec é visto pelos argentinos. É isso mesmo: mais uma vez, uma espécie francesa encontrou sua morada definitiva em um país da América do Sul, assim como ocorre com a Petit Verdot.
Em relação às características sensoriais, os vinhos varietais de Carménère apresentam uma vasta carga aromática, sempre evidenciando as notas frutadas, principalmente de frutas vermelhas em geral, contudo, dependendo de fatores climáticos e enológicos, a gama de aromas pode mudar drasticamente, culminando em notas de pimenta verde, cacau e páprica.
Com todas características, é possível traçar um paralelo entre a culinária chilena e o sucesso desse vinho, dando dicas de harmonização de vinhos práticas. Os vinhos Carménère são excelentes quando consumidos com carnes assadas com pouca gordura, peixes gordurosos, massas a base de molho vermelho e queijos cremosos.
Dica: Elaboração do vinho: como acontece a fermentação da uva?
Tempranillo
Saindo um pouco da França, visitaremos agora em nossa conversa outro belo país europeu: a Espanha. Aqui, mais precisamente na região norte do país, surgiu uma variedade de uva bastante peculiar, chamada de Tempranillo. Sua fama foi ofuscada por muitos anos, sendo resumida ao consumo local com técnicas antiquadas de cultivo.
No entanto, após o início da década de 1990 a produção se modernizou e ficou com uma cara nova. Agora, as uvas são colhidas no ponto certo de maturação, garantindo vinhos mais equilibrados, principalmente em relação ao seu teor alcoólico. Também é válido destacar um melhor manejo das barricas de carvalho, antes utilizadas em demasia, hoje mais harmônicas e integradas à bebida.
Hoje, a Tempranillo é cultivada não só na Espanha como no país vizinho da Península Ibérica, Portugal. Além dessas duas localidades, é possível encontrar produções de vinhos com essa uva em lugares como a Austrália e a América do Sul, ainda que em menor escala.
Esses vinhos possuem uma coloração vermelha intensa, e acidez mais comedida. Seus aromas característicos englobam cerejas vermelhas, ameixas, baunilha e até mesmo o couro, o que torna fácil distinguir os produtos criados a partir dessa uva tão peculiar.
Porém, afinal, como podemos harmonizar esse tipo de bebida e combiná-la com pratos para complementar as nossas refeições? Nossa principal dica é investir em vinhos elaborados com a Tempranillo quando for consumir pratos ou ingredientes típicos da Espanha, como deliciosas tortillas ou as saborosas tapas.
Chardonnay
A casta Chardonnay é, muito provavelmente, a variedade mais famosa em todo o mundo. Adorada tanto por consumidores (por conta da facilidade de consumo, da agradabilidade do sabor e da simplicidade de harmonização) quanto por produtores (graças às características mais simplificadas de seu cultivo), os vinhos elaborados com essa fruta são garantia de sucesso por onde passam.
A Chardonnay entra no time das uvas brancas, sendo a primeira deste gênero que comentaremos no post. Originária da região da Borgonha, possuindo a mesma procedência que a casta Pinot Noir, que ao longo de nossa conversa já foi citada. Ultrapassando as fronteiras francesas, pode ser encontrada em abundância na Califórnia, Austrália, Chile e também no nosso Brasil, aqui resultando em um dos vinhos mais premiados da atualidade.
Uma das características mais interessantes da Chardonnay é a sua capacidade de ser transformada tanto em vinhos brancos tranquilos (que não apresentam gás carbônico) como em espumantes, resultando em produtos famosos, onde o melhor exemplo são os Champagnes. Por isso, sua popularidade é ainda maior entre apreciadores e produtores de bebidas de qualidade.
Quanto às características sensoriais, podemos dizer que os vinhos elaborados com essa variedade tendem a ser frutados e possuir maior corpo (densidade) que outros brancos. Em relação aos aromas, as notas cítricas podem variar desde maçã e limão, até frutas mais maduras, como pêssego e abacaxi, tornando cada gole uma experiência completamente única. Como a maioria dos vinhos brancos, os taninos costumam ser inexistentes, contudo, a passagem por barricas de carvalho costuma aportar estes componentes aos vinhos, onde bem manejados, proporcionam resultados magníficos.
Por conta de sua estrutura e sabor marcante, é comum combinar este estilo de vinho com alimentos variados. Os queijos são um show à parte, e vários podem ser consumidos com esse vinho. Além deles, um bom vinho Chardonnay pode ser combinado com aves (como a galinha ou o peru), frutos do mar e massas ao molho branco.
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Sauvignon Blanc
Ficou com saudades da França? Não seja por isso! Agora, embarcamos novamente para a região do Bordeaux para falar sobre um dos tipos de uvas mais populares de todos os tempos: a Sauvignon Blanc. Essa uva branca é extremamente popular e também é adorada pelos mais diversos públicos.
Seu cultivo é um pouco mais específico do que acontece com algumas das frutas mencionadas em nossa conversa. Essa variedade se dá muito melhor em climas mais frios e quando cultivada em regiões quentes, pode perder seus principais aromas e originar um vinho pesado e sem complexidade.
Seus aspectos sensoriais são marcantes e inconfundíveis. As principais notas aromáticas percebidas envolvem duas grandes famílias, as frutas e as ervas, bons exemplos são os aromas de maracujá, melão e goiaba, além da presença de grama cortada, arruda, etc. Vale ressaltar, que estes aromas são oriundos da própria fruta, bem como do processo de fermentação.
Outras características presentes nesse vinho podem incluir limão, laranja, aspargos, ervilhas e sabores mais verdes, que remetem ao frescor de vegetais recém-cortados.
Muita coisa, não é mesmo? Contudo, não é preciso se preocupar, pois isso é uma vantagem bastante particular dessa uva, que graças à grande gama de aromas e sabores, pode ser harmonizado com refeições variadas. Entre elas, podemos citar os frutos do mar, peixes, saladas variadas, comida japonesa e outros preparos que envolvem ingredientes crus, pouco cozidos ou a base de ervas.
Sangiovese
Pronto para seguir viagem? Nossa próxima parada é a Itália, mais precisamente a região da Toscana. Aqui começa a história de uma das variedades de uvas mais antigas e interessantes. A Sangiovese era, até poucas décadas, considerada como uma uva selvagem e pouco se sabia sobre as principais técnicas necessárias para elaborar vinhos de alta qualidade com ela. Felizmente, os tempos mudaram e agora ela faz parte de uma nova geração de vinhos elegantes e altamente longevos.
As principais características aromáticas da Sangiovese nos remetem a traços terrosos, além das nítidas frutas silvestres, como cerejas, morangos e mirtilos. Não podemos esquecer-nos de mencionar a elevada concentração de taninos, e intensa presença de acidez, fazendo com que os vinhos consigam suportar anos de guarda, podendo ultrapassar mais de duas décadas.
Em relação às harmonizações, é comum elencar pratos típicos italianos para suportar a intensa personalidade deste exemplar. Massas ao molho de tomates são ótimas pela acidez evidente, entretanto lasanha a bolonhesa e risotos de queijos mais gordurosos costumam agradar a todos.
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Gewürztraminer
Nosso bate-papo está quase chegando ao fim. Por isso, escolhemos uma das principais uvas brancas para ser o tema de nosso último tópico. Também conhecida pelo apelido de Gewürtz (especiaria em alemão), a origem desta uva é bastante controversa, e embora tenha um nome que nos remeta ao mais tradicional alemão, seu nascimento foi em solo italiano.
Hoje, também podemos encontrar excelentes vinhos resultantes dessa uva na região de Alsácia, na França, ou em países como a Nova Zelândia, Suíça, Canadá, Estados Unidos da América, Austrália e algumas em brasileiras.
Como podemos perceber, essa uva se dá muito melhor em climas frios e, até mesmo, montanhosos. Na boca, o vinho produzido a partir dessa fruta pode ser bastante versátil, culminando em brancos leves e delicados, até densos e encorpados, por isso, é tão venerada por consumidores exigentes.
A marca registrada da Gewürtraminer é sua expressiva carga aromática. Entre os principais aromas, podemos citar rosas, jasmim, lichia, e claro que não poderia faltar as notas de especiarias como pimenta, gengibre, hortelã e cravo. Interessante, não?
Com tantos sabores exóticos, podemos notar que as combinações e harmonizações ideais envolvem ingredientes pouco habituais, certo? Para combinar o Gewürztraminer, pense "fora da caixinha", saindo um pouco da zona de conforto, e invista em pratos típicos de países que vão além do tradicional, com especiarias variadas e temperos do mundo todo. Isso garantirá experiências gastronômicas únicas!
E aí, gostou de conhecer alguns dos principais e mais famosos tipos de uva? Como podemos perceber, há infinitas possibilidades e variações, o que garante experiências diversificadas e torna o ato de degustação de vinhos muito mais interessante. Por isso, fuja do óbvio e se aventure com novos sabores e combinações!
Quer ficar craque e saber ainda mais sobre essa incrível bebida? Então, você precisa conhecer um pouco mais sobre os mais diversos tipos de harmonização! Para isso, confira nosso guia para harmonizar vinhos e pratos com temperos potentes e não erre mais na escolha de seu acompanhamento!