Se você aprecia um bom espumante, já deve conhecer método Champenoise, que é a forma mais tradicional de elaborá-lo, mas você sabia que essa não é a única maneira de elaborar a bebida? Muito difundido mundo afora, o método Charmat é amplamente utilizado, mas pouco conhecido pelos consumidores.
Você pode até pensar que a forma de elaboração não é relevante, mas isso não é verdade. Ela é fundamental para determinar as características da bebida, impactando diretamente no resultado daquilo que você leva à taça.
Neste artigo vamos abordar justamente isso: os detalhes do método Charmat, suas peculiaridades e como ele influencia o sabor e os aromas do espumante. Acompanhe!
Quando surgiu o método Charmat?
Mais recente do que a forma tradicional de elaboração de espumantes, o método Charmat foi desenvolvido em 1895 pelo italiano Federico Martinotti, razão pela qual é chamado de método Martinotti na Itália. No entanto, ele foi aperfeiçoado e patenteado novamente em 1907, desta vez pelo francês Eugène Charmat, sendo rebatizado com o sobrenome de seu criador. Este fato faz com que alguns espumantes italianos sejam descritos como método Martinotti.
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O que o difere do Champenoise?
Assim como ocorre no método clássico, no Charmat o vinho base passa por uma segunda fermentação a fim de produzir o gás carbônico das belas perlages. No entanto, enquanto no primeiro método esse processo ocorre dentro da garrafa, no segundo é realizado dentro de grandes tanques de inox — chamados de autoclaves. Especialmente desenvolvidos para isso, eles suportam a pressão da fermentação.
Para o processo, ao fim da primeira fermentação do mosto — que dá origem ao vinho tranquilo —, o líquido é transferido para os tanques. Uma vez no novo recipiente, são adicionadas leveduras selecionadas e açúcares para que ocorra uma nova fermentação, liberando o gás carbônico.
Uma das peculiaridades desse método é que ele permite o controle total da temperatura e do nível de gás carbônico liberado. Isso exalta as notas frutadas e o frescor da bebida, que normalmente é produzida com as uvas Moscato, Lambrusco e Glera (casta do Prosecco italiano). Ressaltando que os resíduos sólidos (leveduras) são filtrados antes do engarrafamento.
Outra diferença marcante entre as duas metodologias é o tempo de elaboração. Enquanto o Champenoise leva meses para finalizar, o Charmat ocorre em alguns dias. Dessa forma, como você deve imaginar, o valor do produto final é mais acessível e cabe em todos os bolsos.
As características do espumante ficam diferentes?
Como já adiantamos na introdução, espumantes elaborados pelo método Charmat apresentam características distintas de aromas e sabores. Em grande parte isso ocorre porque o tempo que a bebida fica em contato com a levedura é menor. Assim, esses produtos tendem a ser mais leves, florais, cítricos e refrescantes. Ele é, em outras palavras, um espumante jovem, ideal para dias mais quentes.
Já os espumantes produzidos pelo Champenoise são mais intensos e persistentes, com aromas pronunciados de nozes, caramelos, pão torrado, fermento e brioches. Seus sabores também são mais marcantes e sua textura costuma ser mais cremosa.
Mas não interprete essa diferença como falta de qualidade do método Charmat, pois isso não é verdade! Compará-los seria como tentar igualar um vinho jovem a um vinho de guarda. Afinal, os objetivos são diferentes em cada uma das maneiras de elaboração. Enquanto o Champenoise procura originar rótulos mais complexos e estruturados, a proposta do Charmat é elaborar um espumante leve e fácil de beber, ideal para o dia a dia.
Dica: Champenoise: o método tradicional de elaboração de espumante
Como harmonizar um espumante feito pelo método Charmat?
Independentemente do modo de elaboração, os espumantes geralmente são versáteis na hora de acompanhar a comida. No entanto, alguns truques podem ajudá-lo a escolher a melhor combinação entre o prato e a bebida.
Como você viu acima, o método Charmat origina um espumante mais leve e frutado. Ele acompanha bem uma salada de camarões, por exemplo, ou um preparo à base de frutas.
Já para pratos principais, receitas com peixes como o salmão ou crustáceos como a lagosta são boas escolhas — assim com as carnes brancas. Evite as carnes vermelhas e de caça e os molhos de sabores muito fortes, pois "brigam" com a elegância da bebida.
Para as sobremesas, opte por um rótulo com maior teor de açúcar, pois a bebida consegue igualar a doçura do prato. Não pense que vai ficar enjoativo: por mais que seu espumante seja doce, ele sempre terá bastante acidez, e isso trará equilíbrio à harmonização.
Como é a classificação dessa bebida?
Para saber se o rótulo é brut ou doce, você pode seguir a mesma classificação dos demais espumantes. Em relação à concentração de açúcar, fica assim:
- Nature — até 3 gramas de açúcar por litro;
- Extra Brut — até 8 gramas de açúcar por litro;
- Brut — até 15 gramas de açúcar por litro;
- Sec — até 20 gramas de açúcar por litro;
- Demi-sec — até 60 gramas de açúcar por litro;
- Doux — mais de 60 gramas de açúcar por litro.
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Por que o preço é mais atrativo?
Essa diferença no valor entre um espumante elaborado com o método Charmat e um com o Champenoise se deve principalmente pelos custos de elaboração. Por ser uma forma mais rápida e por demandar menos colaboradores, o primeiro é mais barato para os produtores, e isso se reflete no valor do produto final.
O que encarece os espumantes elaborados pelo método Champenoise é que, além do tempo ser mais longo, ele é, via de regra, manual. Como é preciso retirar os resíduos sólidos ao final do processo, as garrafas são acomodadas em cavaletes (conhecidos como pupitres) e todo dia precisam ser giradas 90º, até ficarem com o gargalo verticalmente para baixo — e isso requer mais mão de obra.
Como você pode perceber, a forma utilizada na elaboração dos espumantes resulta em bebidas diferentes, mas não há uma relação de superioridade entre elas. O método Charmat, assim como o Champenoise, dá origem a rótulos espetaculares, de ótima qualidade e com valores acessíveis. A única coisa que você precisa é escolher a bebida de acordo com a ocasião. Afinal, para um dia de verão à beira da piscina, nada como uma bebida leve, frutada e refrescante, não é mesmo?
No entanto, essas não são as únicas maneiras de elaborar espumante. Quer saber mais? Conheça agora o método Asti, utilizado no famoso Moscatel!