Que um dos nossos países vizinhos, a Argentina, é um dos grandes produtores mundiais de vinho, você provavelmente já sabe. Inclusive, já deve ter degustado alguns rótulos originários de lá e, nesse caso, também é provável que seja um apreciador dos vinhos argentinos. Ainda assim, há uma série de coisas que você precisa saber sobre eles.
A Argentina é hoje o quinto maior produtor de vinhos do mundo, perdendo apenas para França, Itália, Espanha e Estados Unidos. Na América Latina, o país destaca-se como principal produtor, ficando inclusive na frente do Chile, país mundialmente conhecido por suas vinícolas e rótulos de muita qualidade.
É por tudo isso que preparamos um post recheado de informações sobre os vinhos da Argentina. Vamos falar sobre as principais regiões vinícolas do país, as variedades e tipos produzidos por lá e, claro, mencionar quais são os rótulos mais premiados e com melhor custo-benefício.
Essa publicação é praticamente um guia, com tudo que você precisa saber sobre os vinhos argentinos. Se quer saber mais sobre a produção do país vizinho, continue lendo este post!
1. Principais regiões vinícolas na Argentina
A Argentina tem várias regiões vinícolas, que são importantes atrativos turísticos do país e fazem parte da rota mundial do vinho. Destinos imperdíveis para enófilos, as regiões vinícolas do país são um excelente local para quem quer conhecer o processo de elaboração da bebida, a sua história e também para degustar excelentes vinhos diretamente da fonte.
A seguir, vamos falar um pouco sobre as principais regiões vinícolas do país, começando pela mundialmente famosa Mendoza. Acompanhe para saber mais e planejar sua visita às vinícolas!
Mendoza
Localizada ao pé da Cordilheira dos Andes, a cidade de Mendoza tem sua história profundamente ligada ao cultivo das uvas e à produção de vinhos. Fundada em 1561, Mendoza é hoje considerada a capital dos vinhos argentinos, já que é responsável por mais de 70% da produção nacional de vinhos. As primeiras mudas de videiras plantadas na cidade vieram do Chile, mas foi somente com a chegada de imigrantes alemães, espanhóis e italianos que o cultivo da uva cresceu e se desenvolveu.
Algumas características da cidade fazem com que ela tenha o que pode ser considerado o terroir perfeito para a produção de uvas e vinhos. Dentre elas, destacam-se a altitude entre 900 e 1200 metros, a pouca chuva, o vento seco, a baixa umidade do ar e o solo desértico.
Assim, o clima é perfeito para aumentar a concentração de açúcar nas uvas e diminuir a incidência de fungos. Já a queda da temperatura durante a noite, aumenta a qualidade dos taninos, deixando os vinhos menos adstringentes e mais redondos. Existe uma infinidade de uvas produzidas na cidade de Mendoza, mas as que se adaptam melhor são as clássicas Malbec, Cabernet Sauvignon e Chardonnay.
Com esse clima perfeito para a produção de uvas, Mendoza só podia mesmo ser uma grande produtora de vinhos. Portanto, se você pretende visitar as regiões vinícolas da Argentina, comece por Mendoza!
Dica: Vinhos argentinos: conheça a história de Mendoza
San Juan
Cerca de 21% do vinho argentino é produzido na região de San Juan, que é a segunda maior produtora de vinho do país, perdendo apenas para Mendoza. Juntas, as duas regiões concentram cerca de 85% da produção local.
A província tem cerca de 47 mil hectares de vinhedos, localizados na capital San Juan e em cidades dos arredores, como Jachal, Ullum, Zonda, Tulum e o Valle Fértil. A região é bastante quente e seca, e a altitude é ainda maior que em Mendoza, ficando entre 650 e 1400 metros. Uma das uvas que mais tem sido cultivada em San Juan é a Syrah, que se adapta muito bem ao clima do local, juntamente com a Bonarda.
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Salta
Localizada mais ao norte do país, Salta é quase uma província boliviana. Com uma capacidade produtiva bem menor em relação às duas regiões citadas anteriormente, Salta destaca-se pelas belas paisagens.
É lá que fica o desfiladeiro de Cafayate, onde corre o Rio de las Conchas. Nessa região, vale a visita à vinícola Bodega el Esteco, uma das mais tradicionais do país e que tem uma vista magnífica, a mais de 1700 metros de altitude. Em Salta, localizam-se os vinhedos mais altos do mundo.
A produção de vinho na região ocorre nas localidades de Molinos, San Carlos, Cachi e La Poma, totalizando mais de 4100 hectares de parreirais. Sem dúvida, vale a pena visitá-la!
Patagônia
A última região que vamos mencionar neste post é situada bem ao sul do país. Inclusive, é aqui que se localizam os vinhedos mais ao sul do planeta. Na Patagônia, ao contrário das outras regiões citadas, o clima não é quente, mas sim frio e seco, quase desértico.
Na região, venta bastante, o que favorece a produção das vinhas, que dificilmente são atacadas por fungos. Além disso, assim como em Mendoza, as plantações de uvas são regadas pela água pura que desce da Cordilheira dos Andes nos períodos de degelo dos picos montanhosos. Todas essas características somadas a um solo de excelente qualidade resultam em uma uva de alto padrão, ótima para a produção de vinhos.
A Patagônia tem mais de 3700 hectares de parreirais, localizados principalmente nas províncias de Rio Negro e Neuquén, entre 300 e 500 metros de altitude. Os vinhos argentinos produzidos por lá são intensos e com grande personalidade, devido às temperaturas mais baixas e a maturação prolongada das uvas, uma das uvas mais adaptadas a esta região é a emblemática Pinot Noir.
Além dessas quatro regiões, também vale citar as vinícolas de La Rioja e Catamarca, locais onde a produção de vinho também é intensa. Se você é um enófilo, com certeza vale muito a pena visitar o país vizinho e passar alguns dias conhecendo esses lugares, que fazem parte da rota mundial do vinho.
Dica: Produção do vinho: como acontece a fermentação da uva?
2. Variedades de vinhos argentinos
Com uma grande produção de vinhos, a Argentina tem inúmeras castas de uvas que são cultivadas no país e praticamente todos os estilos de vinhos são encontrados com facilidade no país, tintos, brancos e rosés. Para te auxiliar a conhecer um pouco melhor quais são essas variedades que o país vizinho oferece, vamos falar um pouco sobre algumas das principais. Continue acompanhando para saber mais!
Malbec
Originária do sudoeste da França, a uva Malbec foi trazida para a Argentina em 1853 pelo engenheiro agrônomo Michel Pouget, a pedido do presidente do país na época, Domingo Sarmiento.
Em seu país de origem, a Malbec não era muito cultivada, sendo preterida por outras castas. Entretanto, a uva se adaptou tão bem à Argentina que, em pouco tempo, o país já era considerado um dos principais produtores de Malbec do mundo, gerando rótulos muito melhores do que os produzidos em seu país de origem, a França.
Os vinhos de Malbec geralmente possuem boa estrutura e acidez moderada, apresentando notas de frutas bastante maduras no olfato. Produzido principalmente na região de Mendoza, na qual existem muitos hectares de vinhedos dessa variedade de uva, o Malbec se tornou o ícone dos vinhos argentinos. Exportado para o mundo inteiro, é considerado um sinônimo de qualidade e elegância.
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Cabernet Sauvignon
Aproximadamente 15% das uvas tintas cultivadas na Argentina são da casta Cabernet Sauvignon. Elas ficam atrás apenas da Malbec, que domina o mercado com mais de 30% e da Bonarda.
Assim como a Malbec, a Cabernet Sauvignon também chegou ao país em 1853, a pedido do então presidente da Argentina. Conhecida como a rainha das uvas tintas, a casta é originária da região de Bordeaux, sudoeste da França e também se estabeleceu bem no país, gerando excelentes vinhos do seu tipo.
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A Cabernet Sauvignon é uma das variedades de uvas mais versáteis, porém, sendo elaborado de forma clássica revela aromas marcantes de frutas negras e notas vegetais, com bom corpo e riqueza de taninos. Em regiões mais quentes, também é possível sentir notas de azeitona e tabaco, aumentando a complexidade do produto final.
Eles costumam ser uma boa opção se você quiser harmonizar vinhos e pratos mais untuosos, especialmente carnes vermelhas. Faça a tentativa: você não vai se arrepender!
Syrah
Originária da França, a casta Syrah origina vinhos de alta concentração de cor e tornou-se responsável por cerca de 12% do cultivo de uvas tintas na Argentina, é uma variedade bastante encontrada também nas vinícolas da Austrália e de seu país de origem.
Uma das mais célebres uvas do mundo, a sua verdadeira origem é cercada de mitos. O que se sabe — por meio de pesquisas que analisaram o DNA da uva — é que a Syrah é um cruzamento natural entre as castas Mondeuse (branca) e Dureza (tinta) que ocorreu no rio Rhône.
Como a casta se espalhou pelo mundo, talvez você já tenha ouvido alguém se referir a ela por outro nome — como Shiraz, Sirac e até mesmo Sira. Suas uvas produzem um vinho encorpado, profundo e com notas de especiarias e frutas negras maduras, como ameixa. Na Argentina, como são cultivadas em regiões de clima quente e podem apresentar notas aromáticas que lembram chocolate.
Um bom rótulo de Syrah é uma ótima opção para acompanhar carnes de caça, queijos mais intensos, além de ser um excelente acompanhamento para fondues.
Tempranillo
Cerca de 6% das uvas tintas cultivadas na Argentina são da casta Tempranillo. Embora não sejam tão famosas, as uvas Tempranillo são usadas para produzir excelentes vinhos. Sua origem é a Península Ibérica, mais especificamente a Espanha. Entretanto, também é muito cultivada em Portugal, e talvez você já tenha ouvido alguém se referir a ela como Aragonez ou Tinta Roriz.
A Tempranillo é uma casta que se adapta muito bem a variados climas, desde os mais frios, como a Patagônia, até os mais quentes e secos, exatamente como os da região vinícola de Mendoza, o que faz com que a casta se adapte muito bem à Argentina.
Os vinhos elaborados com essa uva costumam apresentar boa estrutura e taninos redondos. Em relação aos aromas, as principais aromas lembram frutas vermelhas, com delicadas notas terrosas e de couro.
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Bonarda
A Bonarda é a segunda casta mais produzida na Argentina, com cerca de 17% da produção entre as tintas, disparando na frente de uvas mais famosas, como Cabernet Sauvignon e Merlot. Ela foi levada para o país por imigrantes italianos no fim do século XIX. Aos poucos, a uva se adaptou às condições climáticas e ao terroir do país andino. Produzida especialmente na região de Mendoza, já que necessita de bastante calor para amadurecer. Conhecida pelo bom rendimento no campo, por muito tempo foi definida com de baixa qualidade, porém nos últimos anos, diversas vinícolas estão resgatando a alma da verdadeira Bonarda, apresentando crescimento significativo em solos argentinos.
Em comparação com outras castas tintas produzidas na Argentina, o destaque da Bonarda está atrelado ao seu corpo moderado e taninos delicados. Em relação aos aromas, as notas mais nítidas lembram frutas vermelhas, ervas e uma atrativa picância. Sabendo escolher, você pode encontrar belas surpresas em vinhos Bonarda. Vale arriscar e encontrar um rótulo de bom custo-benefício.
Torrontés
De todas as variedades que citamos, a Torrontés é a única casta branca. Mesmo não sendo a mais produzida no país, perdendo para a Pedro Gimenez, é considerada a mais famosa, pelos vinhos de excelente qualidade que resultam de sua produção.
Não se sabe exatamente qual é a origem dessa casta, mas acredita-se que ela é resultado do cruzamento entre a Moscatel de Alexandria e a Criolla Chica. As principais regiões produtoras dessa uva na Argentina são Salta e La Rioja.
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Inicialmente, os vinhos argentinos produzidos com Torrontés tinham baixa acidez, textura densa, e uma tendência ao amargor. Essas características mudaram ao longo dos anos e, hoje, os vinhos Torrontés são reconhecidos por seus aromas florais e frutados, um corpo médio e uma acidez moderada. Bastante aromática, essa casta lembra um pouco a Moscato.
3. Vinhos argentinos com melhor custo-benefício
Agora que você já sabe tudo sobre as principais regiões vinícolas da Argentina e as castas mais produzidas no país, chegou a hora de conhecer melhor os vinhos argentinos, não é? Por isso, preparamos uma sessão especial neste post para mostrar alguns vinhos argentinos que têm um ótimo custo-benefício. Afinal, nada melhor do que degustar aquele rótulo incrível por um preço acessível.
Se ao final dessa sessão você ainda tiver dúvidas sobre o custo-benefício de um vinho ou como escolher o melhor rótulo, um guia de compra de vinhos pode te ajudar. Por hora, continue acompanhando o post e conheça algumas excelentes opções de vinhos argentinos para você experimentar!
Argento Bonarda
Vinho jovem extremamente macio e fácil de degustar. Os aromas de frutas vermelhas predominam, com sutil toque de carvalho, no qual este exemplar maturou por 4 meses. Harmoniza perfeitamente com massas de molho vermelho e bruschetas.
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Tomero Cabernet Sauvignon
Estruturado e volumoso. Este Cabernet Sauvignon estagiou 20% de seu conteúdo em barrica de carvalho francês durante 9 meses. Apresentando taninos firmes e final prolongado. Os aromas mais evidentes remetem a ameixa preta e especiarias. Os amantes de um belo churrasco poderão harmonizá-lo perfeitamente.
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Mundvs Malbec
Com uma proposta totalmente diferente, o Mundvs é um típico Malbec argentino, elaborado por uma vinícola brasileira, a Casa Valduga. Com passagem de 10 meses em barricas de carvalho francês, revela notas de especiarias doces e baunilha, suportado pela intensa presença de frutas, tais como amoras e ameixas. Corpo médio e taninos maduros, faz com que o investimento seja válido. Risotos e queijos mais cremosos, são a companhia perfeita para este Malbec.
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4. Vinhos argentinos premiados
A Argentina também tem alguns rótulos premiados internacionalmente e destacados em publicações respeitadas do ramo da enologia. Para o post, nos baseamos na prestigiada Wine Advocate e na lista do crítico Tim Atkin. Vamos conhecer alguns desses vinhos!
Vistalba Corte A 2014
O primeiro colocado na nossa lista é o formidável Corte A da Vinícola Vistalba. Produzido na região de Luján de Cuyo, em Mendoza, possui grande credibilidade pelos amantes do vinho. Elencado como um dos grandes tesouros da terra do tango, obteve diversas premiações desde seu lançamento. A safra de 2014 recebeu nada menos que 95 pontos pelo crítico Tim Atkim.
Elaborado com clássica Malbec (79%), a robusta Bonarda (15%) e incomparável Cabernet Sauvignon (6%), revela-se um vinho volumoso e denso. Apresenta perfeita fusão entre os aromas, ressaltando as marcantes notas de frutas maduras e os toques adocicados provenientes dos 18 meses de maturação em barricas de carvalho francês. Na boca, sua persistência é encantadora e acidez correta.
Argento Single Vineyard Las Cerezas 2015
O segundo vinho da nossa lista de premiados, o Argento Single Vineyard Las Cerezas da safra 2015, recebeu 94 pontos no guia Descorchados 2018, sendo premiado como o “Vinho Revelação” do maior concurso de vinhos da América do Sul, além de 91 pontos pelo crítico Tim Atkim, entrando no portfólio dos melhores argentinos. É 100% elaborado com a prestigiosa Malbec, oriunda de vinhedos localizados no Vale do Uco, em Mendoza.
Durante seu processo de elaboração, amadureceu 12 meses em barricas de carvalho de 3.500 litros. Possui aromas complexos, com notas de frutas completamente integradas a flores e especiarias. Sua acidez traz suculência e vivacidade, aliada aos taninos macios e seu final longo e pleno.
Adrianna Vineyard White Bones Chardonnay 2014
Para finalizar a nossa lista de vinhos premiados, vamos citar um do tipo branco. Ele é produzido na região vinícola de Mendoza, na Argentina, em um solo que tem a presença de fósseis. Por isso, tem o nome de "white bones", ou ossos brancos.
Composto 100% com a uva Chardonnay, seu aroma remete a frutas de polpa branca, como pera e maçã, toque floral com nuances minerais.
Com esta publicação, você teve acesso a uma espécie de guia sobre os vinhos argentinos, em que explicamos quais são as principais regiões vinícolas, as castas de uvas mais cultivadas no país e os melhores rótulos para você degustar.
Se você ainda não sabia que nossos hermanos argentinos sabem muito bem como produzir um vinho ou, ainda, que o país era o maior produtor da América Latina, agora você já sabe. E, se já sabia, agora conhece melhor toda essa história. Deixe qualquer preconceito ou insegurança de lado e se permita conhecer os vinhos argentinos. Você não vai se arrepender!
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