Como um bom enófilo certamente você já sabe que existem diversos estilos de vinhos. Porém, como o universo da enologia é vasto, muitas vezes é difícil conhecer todos eles com profundidade, especialmente os que não são tão famosos ou consumidos, como os vinhos licorosos.
Neste artigo, iremos ajudar você a entender mais sobre esse tipo de vinho, abordando as suas principais características, quais as diferenças quando comparados a outros vinhos e ainda apresentando alguns dos seus melhores exemplares. Quer dominar o assunto? Então, continue acompanhando.
Os vinhos licorosos
Também conhecidos como generosos, os vinhos licorosos são obtidos a partir de processos muito peculiares, que os torna diferentes de todos os outros estilos produzidos. A seguir conheça mais sobre essa classe.
O que é vinho licoroso?
Para começar a conhecer um pouco mais sobre essa classe de vinhos, vamos entender o que a legislação brasileira define como vinho licoroso.
Segundo os termos legais, os rótulos que pertencem a essa classe devem ter um teor alcoólico que varia entre 14% e 18% em volume, o que é considerado um número bastante elevado.
Além disso, nessa categoria de vinhos é permitida a adição de álcool etílico potável de origem agrícola, de caramelo ou caramelo de uva, de açúcar, mosto concentrado ou mistela simples.
Ou seja, de forma simplificada, podemos dizer que o vinho licoroso é um vinho de elevado teor alcoólico, no qual podem ser adicionados alguns ingredientes que intensifiquem o dulçor da bebida durante o processo de elaboração.
É válido ressaltar que cada país e/ou região tem regras específicas referentes aos diversos vinhos que podem ser classificados como licorosos. Por isso, continue acompanhando o post para desvendar vários mistérios acerca destes saborosos vinhos.
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Quais as suas principais características?
Os vinhos licorosos são obtidos a partir do processo de fermentação alcoólica do mosto extraído das uvas, sejam elas tintas ou brancas. Logo, dentro dessa classe existem tanto vinhos tintos quanto brancos, e muito raramente, roses. Da mesma forma, eles também podem ser considerados secos ou doces, conforme a sua quantidade de açúcar. Os secos têm até 20g de glicose por litro, enquanto os doces ultrapassam esse valor. É interessante observar que até os que pertencem à categoria "secos" possuem considerável concentração de açúcares.
Como já mencionamos, os vinhos licorosos apresentam elevada quantidade de álcool, bastante superior aos vinhos suaves, por exemplo. Quanto a isso, é interessante saber o porquê dessa característica, para que não existam confusões.
Geralmente, a matéria-prima utilizada em sua elaboração possui mais açúcar do que o habitual, seja pela ação de um fungo específico ou pela desidratação das uvas. Então, dentro da classe dos vinhos licorosos existem diversas variações, para agradar os mais variados e exigentes paladares.
Os diferentes estilos de vinhos licorosos
Agora que você já aprendeu o que são os vinhos licorosos de maneira mais abrangente, que tal conhecer alguns exemplares que você pode encontrar nessa classe? Separamos alguns estilos muito distintos para que você faça uma comparação entre eles, mas lembre-se que existem vários outros, cada qual com suas singularidades e onde todos merecem ser degustados. Acompanhe.
Vinho do Porto - Fortificação
Um dos vinhos mais famosos do mundo, o Vinho do Porto é um perfeito exemplar das variedades fortificadas. É graças ao seu processo de elaboração tão particular que a bebida expressa uma grande intensidade de aroma e sabor. O modo de preparo deste vinho é muito curioso e para que não haja mais dúvidas, iremos descrevê-lo de forma objetiva.
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Na vinificação tradicional, o álcool é obtido através do processo de fermentação alcoólica do mosto, como já havíamos mencionado. Os microrganismos responsáveis por esse bendito processo são as leveduras, onde as mesmas utilizam os açúcares presentes naturalmente nas uvas como principal fonte de alimento.
Analisando estes fatores, devemos imaginar a fermentação como um gráfico, onde com o passar dos dias o álcool aumenta e os açúcares diminuem. Se deixássemos as leveduras consumirem todos os açúcares o vinho resultante seria classificado como tranquilo e seco, e aí está o grande segredo, a fermentação é interrompida antes que as leveduras consumam todos os açúcares, por um processo chamado de fortificação.
Para que esses fungos cessem seu trabalho, adiciona-se na composição da bebida o que chamamos de aguardente vínica, que nada mais é do que um destilado de vinho. E o mais curioso é que, mesmo que as leveduras produzam o álcool que sentimos na bebida, em excesso, este composto químico é tóxico para os microrganismos, fazendo com que os açúcares sejam preservados, para que assim possamos nos deliciar com esse histórico vinho de sobremesa.
Seu processo de elaboração começa na bela região do Douro, em Portugal, e acaba em Vila Nova de Gaia, onde acontece o sua maturação e engarrafamento. Várias vinícolas fora de Portugal elaboram vinhos desse mesmo estilo, porém devem ser chamados apenas de vinhos licorosos, pois não apresentam a Denominação de Origem.
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Jerez - Passificação
Ao contrário do Vinho do Porto, que pode ser tinto, branco ou até mesmo rose, o Jerez é exclusivamente branco. A região que origina este vinho chama-se Andaluzia, mais precisamente em torno da cidade de Jerez.
Dentro da Denominação de Origem Jerez existem várias nomenclaturas com regras bem definidas, considerando e detalhando cada etapa do processo. Contudo, não são todos os Jerez que apresentam grande concentração de açúcares, mesmo assim são vinhos de elevado teor alcoólico e inebriante intensidade de sabores.
As três variedades de uvas permitidas são a Palomino, a Pedro Ximénez e a Moscato, contudo, para a elaboração dos vinhos de sobremesa as duas últimas são as escolhidas, sendo chamados de vinos dulces naturales.
Seu processo de elaboração é bastante peculiar, fazendo com que suas características sensoriais sejam inconfundíveis. As uvas são desidratadas após serem colhidas, onde são expostas ao sol (processo conhecido como passificação), objetivando concentrar os compostos do mosto, principalmente em açúcares. Logo no início do processo de fermentação alcoólica, adiciona-se o álcool vínico, ocasionando em uma parada de fermentação, tal como nos vinhos do Porto.
Logo após, o vinho é amadurecido em barris de madeira, onde sofre uma elevada exposição ao oxigênio, modificando sua cor, aromas e sabores. Uma particularidade muito importante em Jerez é o sistema de soleras, onde uma "pirâmide" de barricas é formada através de fileiras, sendo as barricas mais elevadas as que detêm os vinhos mais jovens e as barricas mais próximas do solo (por isso o nome solera) apresentam os vinhos mais antigos. Estes vinhos são cortados para que se mantenha uma constância nas características da bebida, fazendo com que o padrão de qualidade seja mantido.
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Sauternes - Podridão Nobre
O Sauternes é mais um vinho licoroso nobre, originado na região de Bordeaux, na França. Assim como o Jerez, o Sauternes é sempre branco, já que as castas de uva utilizadas para produzi-lo são Sémillon, Sauvignon Blanc e Muscadelle.
O grande diferencial desse estilo de vinho é que em sua fase final de maturação as uvas são atacadas por fungos Botrytis cinerea, ocasionando no que chamamos de podridão nobre. Eles se proliferam na casca das uvas, rompendo-a, fazendo com que a água do fruto evapore, assim causando uma desidratação natural, concentrando açúcares, ácidos e proporcionando grande complexidade aromática.
Late Harvest
A regra é simples, quanto maior o tempo em que as uvas permanecem nos vinhedos, maior será sua concentração de açúcares (desde que o clima ajude). Os vinhos licorosos conhecidos com Late Harvest, em bom português, Colheita Tardia, são elaborados a partir de uvas colhidas sobremaduras. Onde naturalmente as uvas são desidratadas ainda no pé da vinha. Neste caso, as uvas não são atacadas pelo fungo Botrytis cinerea, mas podem resultar em vinhos de extrema qualidade.
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Até aqui conseguimos abordar de maneira resumida algumas características interessantes que fazem parte do fantástico mundo dos vinhos licorosos, mas é claro que muitos assuntos ainda podem ser debatidos.
Se ficou interessado, não deixe de degustar os vinhos de sobremesa elaborados em solo brasileiro e que cada vez mais ganham destaques. Se você prefere os tintos mais intensos, conheça o 1875 Licoroso Tinto, mas se a delicadeza é algo primordial na sua escolha, não hesite em degustar o exclusivo Late Harvest Casa Valduga.