Entenda a relação entre a comida kosher e os vinhos


Entenda a relação entre a comida kosher e os vinhos

Muito se fala, mas pouco se sabe sobre a verdadeira comida Kosher. Seguindo a religião judaica, a história da tradição desse tipo de alimento remete a milhares de anos e até hoje é respeitada e seguida à risca pelas famílias judias ortodoxas e mais tradicionais.

Dentro dessa mesma herança, existe ainda o vinho Kosher, mesmo estilo de bebida consumida durante a celebração da Santa Ceia. De qualquer maneira, cada povo e cultura se distingue por seus valores, costumes, religião e, consequentemente, sua alimentação.

Hoje, preparamos este material para que você entenda a ligação entre a comida e o vinho Kosher e como os dois devem ser harmonizados para manter a tradição judaica. Confira!

O que é comida Kosher, afinal?

O alimento chamado de Kosher (ou kasher) — que significa “adequado” ou “próprio” — é aquele apropriado para consumo pelos judeus, uma vez que preenche todos os requisitos exigidos pela dieta judaica e está em total concordância com a Torá (conhecida como a Bíblia Judaica).

O conjunto de normas que define a comida Kosher é chamado de Kashrut e dita muitos cuidados e preocupações com o sofrimento dos animais a serem abatidos para consumo. Além disso, a dieta Kosher considera a higiene uma grande prioridade.

Por isso, após o abate das carnes permitidas, elas devem ser lavadas para que não haja resíduos de sangue. Do mesmo modo, as verduras são limpas cuidadosamente, pois larvas e outros animais rastejantes são considerados impuros.

As carnes aceitas para o consumo são as de gado, cabra, veado e carneiro. Entre as aves domésticas estão as de frango, pato, peru, ganso e pomba. Peixes com barbatanas e escamas fazem parte da dieta Kosher, porém moluscos e crustáceos, assim como coelhos e porcos, estão excluídos.

Dica: Entenda como harmonizar vinhos com peixes

O abatimento só é permitido para animais saudáveis, deve ser realizado sem sofrimento e todos passam por uma bênção do rabino para que, posteriormente, possam receber o selo de alimento Kosher.

Divisão da comida Kosher

Mais do que ingerir apenas os itens permitidos, essa dieta ainda estabelece a forma de preparo, armazenamento e consumo que cada alimento deve seguir. Primeiramente, existem três categorias dentro da comida Kosher:

  • Carnes — chamadas de bassarí;

  • Leite e derivados — chamados de chalavi 

  • Alimentos neutros — chamados de parve ( ovos, peixes, massas, verduras, frutas, guloseimas etc.).

Não são chamados de parve alimentos do último grupo quando misturados com carnes ou leite. Por exemplo, massa à bolonhesa é considerada bassari, assim como omelete com queijo é chalavi.

Outro ponto muito importante é que a comida Kosher proíbe o consumo, preparação ou armazenamento de elementos dos dois grandes grupos, carnes e laticínios juntos. Sendo assim, strogonoff, cheeseburger ou misto quente, por exemplo, não são permitidos.

E o vinho Kosher, o que é?

Como você já deve imaginar, a produção de vinhos Kosher também segue algumas restrições e critérios estabelecidos pelo Torá. Por isso, eles só podem ser produzidos com uvas provindas de videiras com mais de 4 anos de idade. Também é necessário que essas parreiras descansem por 7 anos, ou seja, as uvas só poderão ser processadas como Kosher após 7 safras. Se os vinhedos forem vendidos, a contagem será "zerada", pois o mesmo produtor deverá fornecer a matéria-prima. 

É determinado que as cepas cresçam sem intervenções e somente adubos orgânicos (utilizados até dois meses antes da colheita) são permitidos. O processo precisa ser realizado manualmente e, necessariamente, ser feito por judeus.

As uvas devem chegar à vinícola inteiras, em perfeitas condições e seu transporte não pode ser realizado aos fins de semana. A prensagem (que não pode ser feita por pisoteamento) é considerada uma atividade extremamente importante do processo e, por isso, também só pode ser realizada por judeus, onde eles farão o controle do maquinário pertencente a vinícola, contudo, sempre supervisionados por enólogos.

As leveduras devem ser nativas e enzimas ou bactérias não podem ser introduzidas ao vinho para induzir a fermentação. O único agente filtrante permitido para a clarificação do vinho tipo Kosher é a bentonita. Esse vinho só pode ser vinificado em tanques de aço inox e a utilização de barris é permitida apenas para a maturação.

Durante o processo, toda etapa é vigiada por um rabino, que se certifica de que a produção é mesmo realizada por judeus (para evitar que pessoas desprovidas da fé judaica “contaminem” a bebida), classificando o vinho como Kosher. Na hora da finalização, cada garrafa recebe um selo de certificação e somente a partir desse momento podem ser manuseadas por qualquer pessoa.

É importante entender que todo esse processo é justificado pois, para os judeus, os alimentos e bebidas são mais do que apenas para o corpo: eles são, principalmente, para a alma. Por isso, todo esse cuidado e respeito é aplicado na manipulação de cada item considerado Kosher.

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Como harmonizar o vinho e a comida Kosher?

Agora que você conhece um pouco mais sobre os alimentos consumidos pelos judeus, além do cuidadoso processo em que os vinhos são elaborados, chegou o momento de apreciá-los em conjunto. Confira a seguir uma lista com dicas do aperitivo à sobremesa.

Aperitivos

Os aperitivos, geralmente, envolvem opções como queijos, embutidos, frutas secas e patês. Devido à variedade que pode ser servida, uma boa pedida é apostar em bebidas “coringas”, como espumantes, já que combinam perfeitamente com as mais distintas iguarias e também vinhos rosés

Prato principal

A hora dos pratos principais deve ser aproveitada para experimentar novas combinações e testar sua criatividade. Massas ao molho funghi, por exemplo, podem ser servidas com tintos leves, como o Pinot Noir. Já as massas ao molho de ragu podem ser acompanhadas com exemplares de Syrah, Carménère ou Sangiovese.

As carnes brancas, como peixes grelhados, vão bem com vinhos brancos, como Chardonnay. Já as refeições elaboradas com carnes vermelhas pedem a presença de vinhos mais encorpados, como o Shiraz, Cabernet Sauvignon e Malbec.

Entretanto, não fique restrito a essas sugestões, lembre-se que bons degustadores são curiosos e ávidos por novas experiências. 

Dica: Vinho e chocolate: 5 dicas para a melhor harmonização!

Sobremesa

As opções à base de chocolate, por exemplo, pedem o acompanhamento de vinhos mais marcantes, como o Vinho do Porto. Por outro lado, os doces que levam frutas frescas vão bem com bebidas mais delicadas e com mais leveza, como o Moscato.

O consumo de vinho e comida Kosher ganha cada vez mais adeptos ao redor do mundo, e não são somente os judeus que buscam esses alimentos. Por respeitar o abatimento dos animais e ser extremamente cuidadosa, a dieta Kosher é bastante rica e pode virar um estilo de vida cheio de benefícios.

Agora que você conhece tudo sobre essa relação e sabe como criar boas harmonizações entre as duas, o que acha de testar suas próprias criações com nossos Produtos Kosher? Bon appetit!




Por
28/08/2018

Enólogo, Sommelier e Embaixador da Marca.


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