Os vinhos elaborados com a uva Cabernet Sauvignon são uns dos mais famosos do mundo. Todo apreciador, mesmo que eventual, provavelmente já experimentou um belo exemplar dessa elegante bebida.
A popularidade da Cabernet Sauvignon vem da fácil adaptação a distintos terroirs e da mais alta qualidade dos vinhos originados a partir dela. E devido a esse motivo, ganhou o título de "rainha das uvas tintas".
Se você é um apreciador de vinhos, mas ainda tem algumas dúvidas, confira o post a seguir e saiba tudo sobre a uva Cabernet Sauvignon.
Quais as características e aromas da uva Cabernet Sauvignon?
Um dos maiores diferenciais da Cabernet Sauvignon é sua casca, que é mais grossa do que na maioria das uvas viníferas. Essa casca espessa desempenha um importante papel, protegendo a uva de variações climáticas. Por isso, ela é uma das variedades mais cultivadas em todo o mundo.
Além disso, essa casca é rica em taninos, o que pode afetar bastante o resultado do vinho na taça. Isso porque os taninos são responsáveis por conferir aos vinhos tintos o seu caráter adstringente, ou seja, aquela sensação de boca "enxuta", semelhante a quando comemos um caju ou uma banana verde. Logo, se o enólogo não souber lidar com o excesso de taninos da Cabernet Sauvignon, o resultado pode ser negativo.
Um dos segredos para amenizar o caráter tânico dessa uva é a colheita tardia, que permite que o fruto amadureça plenamente e atinja o auge de seu desenvolvimento. Dessa forma, os taninos, embora ainda presentes, estão já suavizados e serão mais facilmente equilibrados ao longo do processo de vinificação.
Assim, pode-se obter um vinho balanceado e de boa complexidade, capaz de demonstrar todo o potencial do terroir. Por outro lado, caso os bagos sejam colhidos antes de atingirem o ponto ideal da maturação, o vinho pode apresentar marcantes aromas de pimentão verde e de azeitonas.
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Vale mencionar, ainda, que por ser uma uva cultivada ao redor de todo o mundo, os vinhos elaborados a partir da Cabernet Sauvignon apresentam características que podem variar muito de uma região para a outra, dependendo do famoso terroir.
Assim, quando cultivada em lugares mais quentes, como no sul da Espanha e da Itália, na Austrália, na África do Sul ou no Napa Valley, na Califórnia, é comum que a Cabernet Sauvignon renda vinhos mais concentrados e alcoólicos, com taninos mais macios. Já em regiões de clima mais frio, como na França, no norte da Itália e em algumas regiões chilenas, costumam apresentar aroma predominante de frutas vermelhas e corpo menos robusto.
De forma geral, são tintos que apresentam boa estrutura, aromas de frutas vermelhas e negras, como mirtilos, cassis, cerejas negras e ameixas, além de especiarias e cedro. Além disso, são vinhos bastante tânicos, sobretudo quando jovens.
Como é o cultivo da Cabernet Sauvignon?
O terroir e sua importância
Quando falamos no cultivo de uvas viníferas, um conceito que sempre se deve ter em mente é o do terroir. A palavra, que vem do Francês, designa tudo aquilo que caracteriza uma determinada região: o clima, o solo, a incidência de chuvas, a qualidade da terra, a fauna e flora locais e até mesmo a composição microbiológica da atmosfera e a história do local.
É um conceito amplo, mas sem o qual é impossível falar com propriedade sobre vinhos ou qualquer dos produtos icônicos da gastronomia mundial, como queijos, embutidos ou técnicas culinárias.
É a partir do conceito de terroir que se desenvolve toda a base para se conferir certificações de origem, como DOC (Denominação de Origem Controlada) e DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida), que atestam a autenticidade dos produtos e o respeito às tradições locais.
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O cultivo da Cabernet Sauvignon
Apesar de ser reconhecida por sua capacidade de se adaptar a uma ampla gama de climas e solos, a Cabernet Sauvignon desenvolve suas melhores características quando cultivada em solos mais pobres e rochosos, como na região de Bordeaux, ou em climas com verões quentes, como no Vale de Napa.
Na região de Bordeaux, de onde esse varietal se origina, os viticultores perceberam que a Cabernet Sauvignon se desenvolve melhor em terrenos com bastante cascalho e pedregulhos. Isso acontece porque esse tipo de solo oferece uma drenagem melhor, fazendo com que as plantas busquem água e nutrientes mais profundamente na terra. Além disso, os pedregulhos absorvem e irradiam o calor do sol, favorecendo o amadurecimento dos bagos.
Por outro lado, como é uma cepa que demora bastante para amadurecer, a Cabernet Sauvignon se beneficia grandemente de climas mais ensolarados, que estimulam uma maior produção de açúcares, permitindo que a uva se desenvolva de maneira adequada, diminuindo a importância de outros fatores antes prioritários, como o solo pedregoso, por exemplo.
É óbvio que as condições gerais e a técnica usada no cultivo e, sobretudo, na colheita das uvas impacta grandemente o resultado final. Se as plantas apresentam produtividade alta, com muitos bagos, os vinhos resultantes serão menos concentrados e, provavelmente, mais ligeiros e ralos — observando este fator, muito viticultores praticam o raleio de cachos, reduzindo propositalmente sua produção, contudo favorecendo os cachos que ali foram mantidos.
Onde é produzida a uva Cabernet Sauvignon?
Grande parte das vinícolas distribuídas nos mais diversos países cultivam a icônica Cabernet Sauvignon. Isso porque essa é uma casta cujos aspectos sensoriais são mantidos com maior facilidade, independente do local de cultivo. Fato este que dificilmente acontece com outras castas.
Apesar de ser uma planta versátil, todas as regiões produtoras carregam inspirações da cultura francesa. Grandes exemplares da cepa ainda são vinhos ligados a Bordeaux e que podem expressar toda sua identidade e qualidade.
As regiões da Toscana (Itália) e Napa Valley (EUA) também são importantes produtoras dessa uva, assim como o Chile, que, apesar de ser famoso pela Carménère, também chama a atenção com seus imponentes e famosos vinhos Cabernet Sauvignon.
No Brasil, é uma das uvas mais cultivadas, disputando espaço com a Merlot. O destaque vai para os exemplares do Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, que têm forte identificação com os rótulos europeus. Já a produção do Nordeste do país tem grande aplicação em cortes e composições.
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Qual é a barrica ideal?
A barrica tem um papel muito importante dentro do processo de vinificação, porque participa da composição da estrutura da bebida. Além de agregar aromas, as barricas também estabilizam a cor e refinam os taninos, tornando o vinho mais harmonioso e longevo.
Como é o processo de envelhecimento?
Existem rótulos que necessitam descansar durante alguns anos para que possam proporcionar o máximo da expressão e personalidade a cada gole sorvido. A guarda de um vinho é determinada por diversos fatores, sendo a qualidade da matéria-prima o principal. É importante que a quantidade de acidez, álcool e taninos seja elevada, pois agem como conservantes naturais, proporcionando longevidade aos vinhos.
A uva Cabernet Sauvignon resulta vinhos intensos e marcantes, e com grande potencial de guarda, porém é compulsório que sejam mantidos ao abrigo da luz e na temperatura adequada, podendo ultrapassar 20 anos ou mais.
Durante esse tempo, os taninos ficarão mais macios e redondos, a fruta estará presente com delicadeza e a acidez preservará o frescor da bebida. Podem surgir também outros aromas mais delicados, como grafite, cedro e tabaco. Portanto, esse é o tipo de vinho que envelhece e ganha complexidade. Vale a pena experimentar!
Construção do sabor: o segredo do corte?
Talvez uma das maiores artes do mundo do vinho seja a união de distintas uvas em um mesmo produto. A Cabernet Sauvignon é, com certeza, a casta mais utilizada em assemblages, seja em terras francesas, ou em países do novo mundo. Como abordado anteriormente, seus aromas marcantes e taninos firmes por muitas vezes são difíceis de domar, ocasionando em vinhos duros e desequilibrados, ainda mais em safras dificultosas. Assim, nobres bebidas de Baco se originam de misturas, onde a coloração, acidez, álcool, aromas, entre outros fatores fundamentais para o sucesso de um vinho são alcançados com êxito.
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Como harmonizar um vinho de Cabernet Sauvignon?
Uma boa garrafa de vinho muitas vezes encontra sua companhia ideal em pratos bem elaborados. Nada mais natural, pois os sabores e texturas do vinho e da comida se beneficiam mutuamente, criando uma experiência muito mais rica e interessante.
Entretanto, da mesma forma que em uma harmonização tem o poder de exaltar as qualidades da bebida e dos alimentos, em contrapartida, se a união não for harmoniosa, os dois podem ser prejudicados, resultando em um momento pouco proveitoso.
Como vimos, os vinhos da uva Cabernet Sauvignon podem ser mais robustos ou mais delicados, dependendo da região onde foram elaborados, do estado de maturação das uvas no momento da colheita e de outros fatores próprios de cada terroir e de cada produtor.
Os vinhos mais jovens, de taninos mais pronunciados, equilibram muito bem pratos mais gordurosos, como carne de porco e de cordeiro. Uma excelente pedida é harmonizá-los com um risoto de cogumelos finalizado com manteiga de ervas e queijo parmesão.
Vinhos mais envelhecidos e menos tânicos, por sua vez, oferecem uma excelente harmonização com carnes assadas em geral. Também combinam com molhos mais gordurosos, como aqueles à base de manteiga ou de creme branco.
Rótulos de corpo mais leve, com pouco tempo em barricas , pedem pratos igualmente leves, como massas ao molho sugo, ou mesmo carnes magras assadas e risotos mais simples.
Já para aqueles exemplares mais encorpados, com amadurecimento longo, o ideal é pareá-los com pratos untuosos, de sabor mais intenso, como o nhoque com ragu ou costelas.
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O que a torna tão especial?
Toda a magia da uva Cabernet Sauvignon está na sua capacidade de adaptação à região de cultivo, com a preservação do sabor e das características que fazem um vinho de qualidade. Por esse motivo, os exemplares que valem a compra são bem fáceis de encontrar.
A videira adapta-se bem a qualquer clima, desde que a temperatura não atinja extremos de frio e de calor — o frio intenso as congela, enquanto que o calor deve ser equilibrado para que o amadurecimento aconteça no tempo certo. Por serem de ciclo tardio, sua vindima (colheita) acontece depois da maioria das outras uvas.
Não é à toa que a uva Cabernet Sauvignon é considerada a mais importante do mundo. Ela é acessível em todos os quesitos: fácil de encontra, harmonizar e muitas vezes possuindo um valor justo ao que é proposto. Agora que você já conhece um pouco mais sobre a "rainha das uvas tintas", já pode escolher seu próximo vinho com segurança para oferecer aos amigos que receber em casa.
É incrível quanta riqueza e cultura podemos encontrar em uma garrafa de vinho, não é mesmo? Não é de se admirar que a uva Cabernet Sauvignon seja uma das mais tradicionais e respeitadas variedades em todo o mundo. E se você quer aprender mais sobre vinhos e sobre tudo o que cerca essa bebida imortal, assine nossa newsletter e fique por dentro de muito mais dicas e informações!