Quando pensamos na França, uma das primeiras coisas que vem à mente é: bons vinhos. Não é à toa, porque ali estão as uvas das mais altas castas e uma grande variedade de rótulos prestigiados pelos enófilos mais exigentes. Os franceses praticamente respiram a cultura dos vinhos e, para interagir mais com esse universo, você precisa conhecer o tradicional corte bordalês.
O corte bordalês é composto de uvas cultivadas em uma região extremamente tradicional na produção vitivinícola mundial: a região de Bordeaux. Localizada no sudoeste francês, estima-se que a produção de vinho supere 700 milhões de garrafas ao ano, variando dos vinhos mais simples aos mais complexos e caros do planeta. Por isso, também é considerada polo do enoturismo.
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No caso do corte bordalês, temos um típico exemplo do vinho regional, que valoriza as uvas no local onde é produzido. Esses vinhos são sempre compostos por blends — uma mescla — entre uvas que são utilizadas para obter uma expressão de tipicidade mais intensa.
A busca do efeito terroir
Praticamente tudo influencia na produção do vinho. Alguns enólogos chegam a afirmar que até mesmo a personalidade do produtor é capaz de interferir no produto final. Claro que existem vários mitos acerca disso, mas vamos nos ater às questões mais técnicas.
As uvas são frutos extremamente adaptáveis, capazes de serem cultivadas em distintas partes do mundo. Mas, é importante notar que os fatores geográficos exercem grande influência sobre elas e, consequentemente, sobre o produto final.
Por isso, ao utilizar apenas frutos cultivados e processados na região de Bordeaux, obtém-se uma bebida única, com um valor aurático inigualável, capaz de transportar o enófilo às paisagens mais verdejantes da França logo nos primeiros goles.
A região de Bordeaux
A região está exatamente na costa sudoeste da França, fazendo divisa com o nordeste da Espanha. Ela é banhada pelo Oceano Atlântico, situada exatamente no Golfo de Vizcaya. A maritimidade oceânica mantém o clima ameno, o que favorece o cultivo dos vinhedos.
O rio Gironde, que corta a região mantém a irrigação constante da terra, composta basicamente por minerais de origem calcária, compondo assim um ambiente especial para o plantio.
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As uvas que compõem um Corte Bordalês
Essa pode ser considerada a mistura mais famosa entre os enólogos do mundo. As uvas Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc são as importantes e tradicionalmente utilizadas na produção desse blend.
Entre as treze variedades permitidas pela Appellation d'origine contrôlée (AOC) também estão as uvas Camenére e Malbec. Ainda temos a presença de Sauvignon Blanc e até mesmo de Semillión nas variedades brancas dos cortes de Bordeaux.
Cabernet Sauvignon
Atendo-nos às mais tradicionais, temos a uva Cabernet Sauvignon, que é uma variedade extremamente adaptável. Esse é talvez o tipo de uva mais utilizado, compondo rótulos consagrados.
Ela é derivada de um cruzamento entre a Sauvignon Blanc e a Cabernet Franc, e é muito utilizada em cortes, como o Bordalês. O resultado desse cruzamento são frutos pequenos, com pele grossa e pouca poupa. A casca apresenta a cor escura e seu aroma carrega notas de cereja, ameixas, menta e eucalipto. Além da presença marcante de taninos.
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Merlot
Tal qual a Cabernet Sauvignon, as uvas Merlot também são muito populares entre os produtores e amantes dos vinhos. Os registros apontam que essa variedade de uva teria sido utilizada pela primeira vez em 1784, na região de Bordeaux.
São produzidos a partir desta variedade, vinhos com aromas intensos, porém discretos. Ainda apresenta notas de framboesa e morango, além de taninos macios e sedosos, com acidez moderada.
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Cabernet Franc
A casta Cabernet Franc também é muito utilizada em blends ou cortes. Ela é um pouco mais suave que as outras uvas.
Devido ao seu aroma frutado, com notas de frutas vermelhas e de especiarias, a Cabernet Franc é utilizada para compor os cortes, somando-se às uvas com mais corpo e taninos.
As composições dos cortes
A composição de um corte bordalês é variável, claro. Diante da grande quantidade de produtores situados na região, cada qual desenvolve seus métodos e proporções. De acordo com sua tradição familiar e também com o conhecimento do terroir, surgem diferentes estilos de vinhos.
Entretanto, há uma pequena rixa no meio do caminho. Os blends mais famosos de Bordeaux estão localizados às margens do estuário de Garonde, mas há uma polarização entre a produção na margem esquerda e na margem direita.
As duas margens do estuário
Acontece que existe uma diferença marcante entre os vinhos que são produzidos às margens da direita em relação aos produzidos à esquerda do estuário.
Os cortes produzidos à direita são guiados pela uva Merlot, ou seja, apresentam maior proporção desta uva. Sendo assim, eles tendem a ser mais suaves, com menor intensidade tânica. Além disso, são menos alcoólicos e ácidos.
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Já os da margem esquera são compostos em sua maioria por Cabernet Sauvignon. O que produz vinhos mais ácidos, encorpados e alcoólicos, geralmente com maior potencial de guarda.
Sendo assim é importante estar atento ao rótulo, que vai te guiar no que diz respeito à composição do seu vinho, para você não errar na hora de comprar uma garrafa.
Outras variáveis
Vale lembrar que entram outras uvas nos cortes, tal qual citamos acima, e obviamente a presença delas terá influência marcante no sabor. O fato é que a uva que guia a produção dará o tom predominante ao blend.
Embora mais de 90% dos blends de Bordeaux sejam de vinhos tintos, há também exemplares brancos, compostos majoritariamente por Sauvignon Blanc, Semillión e Muscadelle.
Já provou algum corte bordalês que marcou sua vida? Compartilhe conosco seu conhecimento e suas experiências com esse clássico do mundo dos vinhos!
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