Produzir — e apreciar! — um bom vinho é, para muitos, uma verdadeira arte. Sendo assim, não é de se estranhar que a bebida de Dionísio tenha inspirado várias obras-primas ao longo da história das belas artes, não concorda?
Então que tal curtir essas duas maravilhas da humanidade e conferir, no post de hoje, 6 quadros famosos com vinhos retratados neles? Pegue a sua taça e fique por dentro da história do vinho e da arte sem medo de derramar uma gota no chão do museu.
1. O Almoço dos Barqueiros, de Auguste Renoir
Fonte: http://mestresdapintura.com.br/blog/cores-vibrantes-detalhes-em-um-simples-encontro-de-remadores/
Pintado por Renoir para responder ao desafio lançado pelo escritor realista Émile Zola — que fez uma chamada, em 1880, desafiando os pintores a criar uma obra que captasse os efeitos da luz em um momento passageiro —, o Almoço dos Barqueiros é hoje considerado uma das mais importantes representações do movimento impressionista.
Na última década, o quadro ficou ainda mais famoso por aparecer no filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Nele, a figura feminina no centro superior direito da tela, que esvazia sua taça de vinho com um ar aparentemente alheio ao restante da cena, é associada à personalidade solitária e um pouco misteriosa de Amélie.
Outra curiosidade são os diferentes tipos de taças sobre a mesa. Encontram-se misturadas flautas de espumante, taças de vinho tinto e tacinhas de licor, cada qual servida com o tipo de vinho adequado, repare!
2. A taça de vinho, de Johannes Vermeer
Fonte: http://www.ufrgs.br/napead/repositorio/objetos/historia-arte/idmod.php?p=vermeer
Considerada uma das primeiras obras-primas do pintor holandês do século XVII, Johannes Vermeer, A taça de vinho (ou, no original, Het glas wijn) apresenta características da chamada Escola de Delft.
Nesse estilo que marca uma espécie de Era de Ouro da pintura nos Países Baixos, são reproduzidas cenas domésticas, dentro de cômodos amplos, de mobília escassa, mas detalhada. É o que se vê aqui, por exemplo, na moldura do quadro ao fundo (aliás outra característica dessa época, é a metalinguagem), no piso e na toalha de mesa.
Note como a mulher no quadro segura a taça pela base e coloca o nariz todo no bojo para apreciar o aroma do vinho. Interessante, não? Outra pintura muito conhecida de Vermeer é a Moça com brinco de pérola, que teve adaptação para o cinema em 2003, estrelando Scarlett Johansson e Colin Firth.
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3. Baco, de Caravaggio
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/571253533965387768/
Apesar de ter sido pintada em 1595, essa grande obra do mestre do barroco italiano só foi descoberta em 1913, esquecida no porão da Galeria Uffizi, em Florença.
Além de retratar o deus da vinicultura e das festas (Dionísio, na mitologia grega, ou Baco, na romana), o quadro tem várias peculiaridades interessantes para quem é apaixonado tanto por arte, quanto por vinho.
A primeira delas é o fato de Baco segurar um cálice exageradamente grande da bebida com a mão esquerda. Isso sugere a utilização de um aparelho chamado câmara lúcida pelo artista, que usando propriedades de reflexão da luz, permitiria que ele projetasse a imagem do modelo diretamente sobre a tela para pintá-lo.
Depois que o quadro foi devidamente limpo pela equipe de restauração da galeria em que foi achado, descobriu-se que Caravaggio incluiu, no reflexo da garrafa e da taça, sua própria imagem retratando a cena. No vinho, é possível ver também o reflexo do rosto de Baco.
Por fim, vale a pena conferir o decanter usado por Baco no quadro, que embora não seja dos melhores segundo o que sabemos hoje sobre a respiração do vinho, com certeza não deixa de ser muito elegante!
4. O Casamento em Caná, de Paolo Veronese
Fonte: https://www.wikiart.org/pt/paolo-veronese/o-casamento-em-cana-1563
Originalmente encomendada para decorar o refeitório da Basílica de São Jorge, em Veneza, essa pintura de dimensões colossais (de aproximadamente 7 por 10 metros) é um modelo exemplar do maneirismo — escola renascentista de pintura que exagerava as noções clássicas da arte. Hoje ela se encontra no Museu do Louvre, e é uma das maiores do acervo.
A cena retratada é o episódio bíblico em que Jesus transforma água em vinho. Não por acaso, vários convidados à mesa parecem intrigados com a bebida. À direita, por exemplo, vê-se um homem de pé, em roupas brancas, observando curiosamente sua taça. Na ponta esquerda, outro aponta para o vinho enquanto pergunta algo à noiva.
No canto direito, um gato brinca com uma das enormes ânforas brancas de vinho, enquanto um homem reabastece uma das jarras menores para servir os convidados. Acima e nas laterais, nos bastidores da festa, os comes e bebes são preparados e trazidos. No centro, logo acima dos músicos, Jesus está voltado diretamente para o espectador, ao lado de Maria.
5. Hip, hip, hurra!, de Peder Severin Krøyer
Fonte:https://en.wikipedia.org/wiki/File:PS_Kr%C3%B8yer_-_Hip_hip_hurra!_Kunstnerfest_p%C3%A5_Skagen_1888.jpg
A semelhança desta tela a óleo com o Almoço dos Barqueiros de Renoir não é mera coincidência. Acontece que Peder Krøyer fazia parte de um grupo de artistas da Noruega e da Dinamarca — os pintores de Skagen — que se inspiravam justamente do impressionismo francês.
A cena capturada pelo pintor em 1888 retrata um almoço, ocorrido alguns anos antes, no jardim da casa dos artistas Anna e Michael Ancher. Nele, além dos anfitriões e sua filha, encontram-se outras figuras famosas do grupo, como o pintor sueco Oscar Björck (que nada tem a ver com a cantora islandesa Björk!) e o casal Viggo e Martha Johansen.
O brinde, realizado com espumante, apesar da presença de outras bebidas — como o vinho tinto — na mesa, já mostra a associação das bolhas com as celebrações. E realmente essa parece ser a pedida certa em um almoço ao ar livre num dia ensolarado, não acha?
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6. Em uma osteria romana, de Carl Bloch
Fonte:http://llindegaard.blogspot.com.br/2012/11/duas-osterias-romanas.html
Pintado em 1866 por encomenda do mercador Moritz Melchior, a tela do dinamarquês Carl Bloch retrata com humor uma cena típica das osterias italianas em meados do século XIX. Na mesa ao fundo, no canto superior esquerdo do quadro, vemos o artista (à esquerda) conversando com Melchior (à direita).
No plano central, o grupo de italianos contrasta com os dinamarqueses do fundo: além das vestimentas completamente diferentes, o olhar (divertido das mulheres, desconfiado do homem e entediado do gato) também chama a atenção, quase como numa fotografia em que os modelos foram pegos de surpresa.
É interessante observar aqui ainda como o vinho, servido diretamente do decanter, é bebido em copos comuns, e não em taças!
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E então, o que achou do nosso passeio cultural por esses quadros famosos com vinho em sua temática? Aproveite para compartilhar essas obras com seus amigos nas redes sociais e, quem sabe, chamá-los para beber um bom vinho!