Nenhum detalhe passa despercebido quando o assunto são os vinhos. Para atingir o melhor de cada safra e produzir bebidas inesquecíveis, os bons produtores se preocupam com cada pormenor da produção, atentando-se inclusive para qual garrafa de vinho é a ideal para obter o resultado desejado.
Se você é um apaixonado pela bebida, certamente já percebeu que existem diversos formatos e cores de garrafas. Mas será que existe algum motivo que norteia os produtores no momento da escolha da embalagem? Afinal, qual é a função de cada cor?
Neste post, desvendaremos esses e outros mistérios sobre os diferentes tipos de garrafa de vinho. Continue conosco e tire suas dúvidas!
A função da cor de cada garrafa de vinho
Todos os vinhos estão em constante modificação, e como tudo que é vivo, evolui e depois acaba declinando. Por isso, aquele ditado de que "vinho quanto mais velho melhor" acaba sendo um grande mito, pois quando nos referimos a isso parece que estamos falando de algo eterno. É claro que existem vinhos que podem evoluir e melhorar com o passar do tempo, seja por 3 ou 4 anos, até mesmo por 30 ou 40 anos, mas em caso de dúvidas o melhor lugar para guardar os vinhos ainda é na memória.
Contudo, caso seja decido que determinado vinho tem potencial para resistir ao tempo, a garrafa que o armazena possui papel fundamental, protegendo a bebida da luz, esta podendo alterar todas as características dos vinhos, fazendo com que a bebida perca suas mais nobres particularidades. Resumindo, a garrafa é o "protetor solar do vinho", quanto mais escura, mais longevidade é transferida para a bebida.
Garrafas transparentes: Muito utilizadas em vinhos jovens, principalmente brancos e roses. Embora sejam perfeitas para destacar a coloração da bebida, não proporcionam proteção à luz, ocasionando em oxidações rápidas. Uma dica para não erra na escolha de vinhos com garrafas transparentes e escolher safras mais recentes, além de escolher as garrafas que estão menos expostas às luzes do ambiente.
Dica: Como as características da garrafa influenciam no vinho?
Garrafas verdes: São as mais utilizadas no mundo dos vinhos, sendo capazes de eliminar entre 30 e 60% da incidência de luz e permitindo um processo evolutivo mais lento.
Garrafas âmbar: Se destacam das outras, pois são mais eficazes ao combate da luz, evitando até 90% da luz do ambiente. Os adeptos destas garrafas são os vinhos feitos para a evolução, como os clássicos vinhos do Porto e até mesmo alguns brancos alemães, que podem evoluir, porém como os vinhos brancos possuem poucos antioxidantes (pois estes prevalecem nos vinhos tintos), proporcionam uma evolução lenta e qualitativa.
Podemos concluir então que, quanto maior o potencial de evolução do vinho, mais escura deve ser sua garrafa. Não esquecendo, além da coloração do vidro, sua espessura também deverá ser observada.
A história por trás da variação
Curiosamente, a utilização de garrafas de vidro escuro nos primórdios da produção do vinho não tinha a ver com o processo de envelhecimento. Na verdade, o vidro foi escolhido por ser resistente à contaminação por microrganismos, além de exigir uma higienização simples e de ser maleável, o que torna fácil obter a forma desejada.
O vidro é basicamente composto por sílica (encontrado na areia), barrilha (carbonato de sódio) e calcário (carbonato de cálcio). Sua coloração escura veio do processo de produção: para proteger o material das impurezas presentes na matéria-prima, era adicionado manganês à mistura, fator que conferia uma tonalidade âmbar às garrafas. Os vidros verdes têm uma explicação semelhante: o combustível utilizado nos fornos, naquela época, era a turfa. A fumaça desse combustível, ao entrar em contato com o vidro, produz a cor esverdeada que estamos acostumados a ver nas garrafas.
Com a tecnologia empregada hoje, é possível produzir diversos tipos de garrafa de vinho, desde as perfeitamente translúcidas até aquelas de tons verde ou amarelado. Vale ressaltar, porém, que algumas variedades da bebida seguem tradições locais. Veja alguns exemplos:
- Bordeaux: vinhos tintos devem ser armazenados em garrafas escuras, vinhos brancos e secos em vidros claros e vinhos doces em vidros translúcidos;
- Borgonha: utilizam apenas garrafas verdes e escuras;
- Alsácia e Mosel: alguns rótulos vêm na cor âmbar, mas a maioria está disponível na cor verde clara;
- Novo Mundo: utilizam garrafas verdes escuras para o vinho tinto e translúcidas para os vinhos brancos.
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Cor da garrafa: uma questão de marketing
Somos extremamente visuais, por isso a maior parte dos vinhos roses, que atualmente estão em ascensão, vêm armazenados em garrafas transparentes, chamando a atenção do consumidor. No caso dos vinhos tintos, quanto mais encorpado e robusto for a bebida, a tendência será por garrafas mais escuras e com mais vidro na composição, transferindo uma sensação de imponência ao produto. Outro fato interessante, é que as pessoas tendem a consumir mais a bebida quando as garrafas são escuras, já que é mais difícil medir o quanto se consumiu.
Diferentes formatos para diferentes bebidas
A cor é importante para determinar a função de cada garrafa de vinho, mas poucos notam que algumas delas também possuem um formato diferente da tradicional. Chamada de Bordalesa, pois é originária de Bordeaux, o formato dessa garrafa é desenhado para acumular melhor os resíduos sólidos ou borras, gerados pelo envelhecimento do vinho, pois no momento em que o vinho é servido na taça, estes resíduos ficaram presos nos "ombros" da garrafa.
Os diferentes modelos de garrafas podem ter sido criados para preservar as características de cada bebida, mas eles também refletem especialmente as áreas em que essas uvas foram plantadas. Outras garrafas famosas no mundo da enologia são as de Barolo, da Itália, que possuem recomendações técnicas específicas para que o vinho seja classificado como tal.
As garrafas da Alsácia (região entre a França e Alemanha) são mais alongadas e longilíneas. Já as de Chianti, originárias da Itália, são chamadas de fiaschi e se caracterizam por serem bojudas e revestidas com palha, porém estão em desuso nos últimos anos.
Para vinhos de Pinot Noir, a garrafa escolhida é a borgonhesa, pois nesta região elaboram-se os mais famosos Pinots do mundo. Com ombros tênues e corpo mais largo que a Bordalesa. As garrafas de champagne, por sua vez, são semelhantes às de Borgonha, mas precisam ter o vidro mais espesso para aguentar a pressão da bebida.
Dica: Entenda a classificação dos vinhos e siglas de cada país
A depressão no fundo da garrafa
Já que vamos esclarecer todas as dúvidas sobre as garrafas de vinho, não podemos deixar de abordar a função da concavidade que algumas garrafas possuem em sua base. Embora não haja consenso na enologia sobre a função principal desta concavidade, existem algumas explicações pertinentes.
A primeira delas diz que a elevação da base das garrafas auxilia no encaixe entre as mesmas, no momento do empilhamento nas caves ou adegas, proporcionando maior segurança. Outra afirma que ajuda a garrafa a suportar melhor a pressão interna das bebidas gaseificadas. Uma terceira teoria declara que favorece a retenção dos sedimentos a ficarem presos em um formato de anel no fundo da garrafa, evitando que sejam servidos com o vinho.
Para os admiradores da história dessa bebida, há também quem creia que a concavidade não passe de uma herança de quando o vinho era moldado de forma artesanal. Ou até mesmo, serviria para auxiliar no serviço do vinho, onde o dedo polegar é encaixado.
Como você viu, além de levar em conta a garrafa de vinho, é interessante procurar desbravar sabores de diferentes uvas, explorar harmonizações e curtir tudo que a enologia pode oferecer! Agora que você já aprendeu sobre as variedades de garrafas de vinho, aproveite para entender em quais situações o decanter deve ser utilizado e como fazê-lo sem erro!