Por muitos anos, o vinho Barolo recebeu o título de “O rei dos vinhos italianos". Ele também faz parte dos 5 Bs da Itália, como são conhecidos os 5 tipos da bebida mais importantes do país: Barolo, Barbaresco, Barbera, Brunello e Bolgheri.
Por isso, os amantes de vinho em geral não podem deixar de conhecer essa variedade imponente dos tintos italianos. Saiba mais sobre ela:
Uma bebida especial
Um dos fatores que torna o Barolo uma das bebidas mais especiais do mundo é a sua uva. Para produzir a bebida são exclusivamente utilizadas uvas Nebbiolo, que possuem casca fina e são ricas em taninos e acidez. Nebbia, em italiano, significa neblina e o nome faz uma menção à névoa que cobre as plantações nas primeiras horas do dia.
Uma das peculiaridades dessa variedade da uva é que ela se desenvolve muito bem na região de Piemonte, na Itália. Essa localidade é conhecida por produzir alguns dos vinhos mais importantes do país, assim como a Toscana, mais ao sul, que também se destaca por seus excelentes rótulos.
Para entender como surgiu tamanha qualidade, é preciso voltar ao passado em Piemonte. Afinal, foi lá que começou uma das histórias mais interessantes para os apreciadores de vinho.
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A história do vinho Barolo
Há registros históricos do cultivo de uvas Nebbiolo em Piemonte desde 1235. Porém, no início da produção desse vinho, eram utilizadas técnicas inadequadas, resultando em uma bebida inconstante, mas doce e leve. Isso fazia com que os nobres italianos consumissem com frequência os vinhos franceses, conhecidos por sua qualidade.
Até que a Marquesa Falletti di Barolo, uma francesa naturalizada italiana, casou-se com Carlo Tancredi Faletti di Barolo, dono do palácio Barolo. Apesar de ser francesa, ela não se conformava com a preferência dos italianos pela bebida estrangeira. Então, trouxe um dos melhores enólogos da época, Louis Oudart, para auxiliar na produção do vinho italiano.
Vinhos de sabor peculiar
A determinação em criar um vinho de qualidade com as uvas da região valeu a pena. Hoje, o Barolo é reconhecido por seu sabor único, que tem origem na quantidade de taninos, que rendem bebidas intensas e concentradas. Apesar dessa característica, a coloração costuma ser um vermelho de pouca profundidade e muitas vezes, com reflexos alaranjados.
Alguns dos aromas mais frequentes nesse vinho são os de rosas, ervas secas e alcatrão. Para ser classificado como Barolo, de acordo com as regras DOCG, o vinho precisa envelhecer pelo menos dois anos em barril e um ano na garrafa. Para receber a denominação “riserva”, são necessários 5 anos — três deles em barril.
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Anos que só fazem bem
O Barolo é reconhecido mundialmente por seu bom potencial de envelhecimento. Embora possa ser consumido antes, o ideal é aguardar 10 anos após a produção para abrir a bebida. Cada exemplar tem um tempo de maturação diferenciado, mas, de forma geral, após 15 anos ele atinge sua plenitude.
Variações impactantes
Aqui cabe uma ressalva: existem dois estilos de produtores de vinho Barolo no mercado atual, os tradicionais e os modernistas.
Os tradicionais
Seguem a linha de produção criada por Oudart: vinhos carregados de aromas, com notas de cereja, trufas, terra, rosas e alcatrão. A acidez é muito alta e os taninos são relevantes, fazendo com que o envelhecimento favoreça o produto.
Os modernistas
Influenciados pelos enólogos Paolo Scavino e Luciano Sandrone, abreviaram o tempo de produção com a adoção de técnicas utilizadas mundialmente, como uma maceração mais rápida das uvas e armazenamento em pequenos barris franceses. O resultado é uma bebida mais suave, com menos taninos e comercialmente mais competitiva.
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Também há diferença de sabor entre os dois terrenos em que se localiza a região de Piemonte. O Vale Serralunga possui solo rico em arenito, resultando em vinhos carnudos e concentrados. Já o Vale Central Barolo é responsável por variedades mais leves e frutadas.
Cada uma dessas alterações traz impactos diretos à bebida, proporcionando uma experiência única para quem as aprecia. Por isso, o Barolo também é conhecido como um vinho “intelectual”, já que seus admiradores costumam saber de cor o estilo das principais vinícolas e produtores.
Para momentos únicos
Por ser um vinho com bom potencial de guarda e pelo alto valor agregado, é comum que o Barolo enquadre-se na categoria dos colecionáveis.
Uma boa garrafa de Barolo é como uma joia rara, o sabor da uva aproveitado em seu máximo ― não é à toa que a variedade é considerada “a Ferrari dos vinhos”. Por isso, não é o líquido ideal para quem só deseja apreciar uma boa taça de vinho no dia a dia. É preciso saber valorizar cada detalhe dos aromas e notas que ele possui.
Outro ponto determinante do Barolo é o fato de ser um vinho elegante, estruturado e refinado. Seu preço nem sempre atinge quantias absurdas, especialmente quando comparado a outras variedades com a mesma qualidade. Por isso, ela se torna uma opção interessante para presentear amigos enófilos.
Harmonização do vinho Barolo
As carnes vermelhas e de caça são as melhores opções na hora de harmonizar com seu Barolo, pois o sabor intenso desses pratos acompanham bem as características únicas do vinho.
Risotos como o milanês e de cogumelos também são ótimas opções. Entre os ingredientes mais refinados que combinam com a bebida, certamente a trufa se destaca: a harmonização desses sabores beira a perfeição.
Para receber os amigos em um dia especial, a indicação é preferir cortes mais raros, que surpreendam seus visitantes. Ossobuco de cordeiro ou vitela, cozidos no vinho tinto, vão agradar os paladares mais exigentes.
O Barolo é um vinho tinto singular. Seus aromas e notas únicas e intensas proporcionarão uma experiência inesquecível e farão que mesmo os dias mais casuais se transformarem em ocasiões especiais.
Essa famosa e tradicional bebida vai agradar especialmente aos fãs de vinhos encorpados e ricos em acidez e taninos. Mas nada impede que ela também surpreenda positivamente pessoas com outras preferências por bons vinhos. Experimente!
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